12 de mar. de 2013

A Lei e o Cristo


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75 - Disse Jesus: muitos estão à porta, mas somente os solitários entrarão na câmara nupcial.
 
A suprema experiência espiritual aparece sempre na forma de núpcias místicas com o divino Esposo. A alma humana é como uma virgem que se entrega totalmente a Deus.

Muitos desejariam celebrar estas núpcias divinas, mas não conseguem cruzar o limiar da porta que conduz ao interior desse tálamo místico.

http://www.escreveretriste.com/wp-content/uploads/2013/01/Paolo_Uccello-a-princesa-e-o-drag%C3%A3o.jpgQue é que os impede se estão diante da porta, por que não entram? Porque não se entregam ao divino Esposo? Qual o seu obstáculo?

O seu obstáculo é a sua falta de solidão. Não são almas suficientemente solitárias. Andam mancomunando com outros amores. Não são almas virgens, puras; estão cheias de desejos e compromissos profanos. Não são monogâmicas – vivem nas poligamias do ego.

Os que entram na sala e celebram as suas núpcias divinas são as almas solitárias, as que disseram adeus aos amantes mundanos, que se afastaram dos ruídos da multidão, perderam de vista todos os litorais da sociedade e todas as praias dos interesses do ego, e se deixaram empolgar pelas ondas bravias dos mares de Deus.

Todo o homem realmente espiritual verifica que a sua solidão aumenta na razão direta da sua espiritualização. O homem profano é rodeado de muitos, o iniciado é cada vez mais isolado – até que a sua solidão atinge o cume do Everest, onde a alma se encontra com Deus em total solidão e silêncio, em absoluta nudez espiritual. Nem pai nem mãe, nem filho nem filha, nem esposo nem esposa, nem amigo algum nos pode acompanhar nesse último trecho da nossa jornada à silenciosa Divindade. A alma a sós com Deus...

Na razão direta que o homem se espiritualiza, mais se incompatibiliza com a sociedade em que vive. Os assuntos dos seus amigos de outrora não o interessam mais; e o que o interessa não interessa aos outros. Quanto mais o homem se aproxima da Deus, mais se distancia dos homens que não se aproximam de Deus. Mas por outro lado, o homem espiritual encontra o seu mundo de afinidade interior mil vezes mais belo que todas as sociedades profanas de outrora. Ele vive na “comunhão dos santos”

Também na vida de Jesus aparece essa progressiva solidão: no domingo de ramos, milhares de amigos o ovacionaram. Na santa ceia, ainda são doze. Pouco depois, onze. No horto das oliveiras, são apenas três que acompanham o solitário sofredor. No calvário só lhe resta um dos seus discípulos. E deste único discípulo fiel Jesus se desfaz, entregando-o à sua mãe. E assim, em total solidão e desnudez, pôde ele dizer: “Está consumado... Pai em tuas mãos entrego o meu espírito”...

Muitos estão diante da porta – poucos entram no interior do santuário – são os grandes solitários...



 


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