15 de mar. de 2013

Jesus


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77 - Disse Jesus: Eu sou a luz, que está acima de todos. Eu sou o “Todo”. O Todo saiu de mim, e o Todo voltou a mim. Rachai a madeira – lá estou eu. Erguei a pedra – lá me achareis.

Palavras como estas têm um sabor genuinamente oriental, hindu. É tradição cristã antiga que o apóstolo Tomé viveu e morreu na Índia.

As palavras de Jesus acima referidas por Tomé fazem lembrar o princípio do Evangelho de João: “No princípio era o Lógos... tudo foi feito pelo Lógos, e sem ele nada foi feito do que feito foi... Eu sou a luz do mundo”.

No Evangelho de Tomé, Jesus, referindo-se ao seu Cristo, diz que ele é a luz, que o Todo, o Universo, veio dele e volta a ele.

No capítulo XI, da Bhagavad Gita, encontramos palavras idênticas: Krishna, o Cristo oriental, a suprema encarnação humana de Brahman, afirma que ele é o Creador do Universo, que tudo está nele, e ele está em tudo. Brahman, a Divindade, o Espírito Universal, Eterno e Infinito, o Uno, se manifesta pelo Verso, e a primeira e mais perfeita emanação individual do Espírito Universal, é chamada o Lógos, isto é, a Razão. A Razão é a mais alta manifestação do Espírito, da Divindade, da Brahman. Nos seres inferiores, a Razão se manifesta como Inteligência, Noos em grego. Daí, em sentido descensional, nascem a vida, a luz, a matéria.
No mundo físico, é a luz a mais alta Realidade, e a matéria a mais baixa.

http://www.biddytarot.com/cards/magician.jpgHá cerca de 3.500 anos, Moisés escrevia o mesmo, por intuição: “No primeiro yom, os Elohim fizeram a luz”.

Hoje, a nossa ciência sabe que os 92 elementos da química e seus derivados são condensações da luz (Ideação), são lucigênitos.

Ultimamente, os corifeus da Era atômica, de Princeton, elaboraram uma síntese genial desta verdade, a que deram o nome de “Gnose”, palavra grega para conhecimento intuitivo. Afirmam estes cientistas que o Universo se assemelha a uma tapeçaria que, quando vista pelo lado direito, se chama religião, e, quando visto pelo avesso, se chama ciência. Mas o Universo é um só, Uno na sua causa Verso em seus efeitos.

***

Rachai a madeira e lá estou eu; erguei a pedra, e lá me achareis.

Essas palavras são a continuação de capítulos anteriores, frisando a onipresença do Cristo-Lógos.

Para o homem-ego, para o profano, o não-iniciado, palavras como estas são absurdas, ou então panteísticas. O homem empírico-analítico, que se guia exclusivamente pelo testemunho dos sentidos e do intelecto, é incapaz de compreender a onipresença do espírito; só conhece presenças parciais, sucessivas, percebidas pelos órgãos físico-mentais. A presença total, porém, a simultaneidade da onipresença, intuída pela razão espiritual, lhe é tão impossível como um círculo quadrado, como uma brancura preta, como uma doçura amarga. Quando o homem profano, empírico-analítico, tenta conceber a onipresença simultânea do espírito, cai ele no erro de imaginar uma série de presenças sucessivas, supondo uma existência individual de Deus em cada creatura, chegando assim ao ridículo de um politeísmo caótico, ou de um panteísmo ingênuo.

Somente nas alturas duma verdadeira intuição espiritual pode o homem compreender a presença de Deus na madeira, na pedra, em toda parte. A intuição espiritual não é um prolongamento da inteligência analítica; é antes um novo início, uma invasão cósmica no homem. O homem não é o fazedor dessa invasão, mas sim o recebedor dela. E esta invasão cósmica só acontece quando o homem se torna invadível, quando o homem crea em si uma abertura  por onde a alma do Universo o possa invadir. O ego-esvaziamento é a condição indispensável para que lhe aconteça a cosmo-plenificação.


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