12 de jan. de 2013

Alcançando Jesus


37 - Seus discípulos disseram: quando irás desvelar-te a nós e quando haveremos de ver-te?” Respondeu-lhes Jesus: quando vos despirdes sem sentir-vos envergonhados e puserdes vossos vestidos sob vossos pés, e como crianças pisardes neles, aí podereis ver o Filho daquele que é Vivo e não tereis medo.

 Assaz misteriosas são essas palavras.

Os discípulos, que viam diariamente o Jesus humano, evidentemente não perguntam por essa visão; querem saber quando eles verão o Cristo divino, e quando este se lhes manifestará.

Para verem o Cristo divino no Jesus humano, ou mesmo sem o Jesus humano, responde-lhes o Mestre, devem seus discípulos despojar-se do pudor, despir-se totalmente e pisar aos pés as suas roupas, como crianças, que nada sabem do pudor dos adultos.

Que quer Jesus dizer com essas palavras esotéricas? Que significa desnudar-se, pisar aos pés a sua roupagem? Quando é que o homem aparece em toda a sua desnudez infantil? E por que é que somente assim, em total desnudez pode ele ver o Cristo?

Nossa alma é o espírito de Deus em forma individual. Nossa alma é luz, um raio solar emanado do sol.
Mas a nossa alma foi revestida duma roupagem por nossos pais e pela natureza, a roupagem do nosso ego terrestre.

Por que essa materialização do nosso espírito?

Sem essa materialização corpórea, o nosso espírito não encontraria resistência.

E sem resistência não há evolução. Resistência é dificuldade, é sofrimento. A nossa alma se achava em estado neutro, amorfo, antes da sua encarnação. Encarnou no corpo a fim de encontrar resistência, e assim poder atualizar a sua creatividade potencial. Essa resistência, tensão ou tentação indispensável para a evolução do espírito é a nossa viagem evolutiva rumo a Deus. A epístola aos hebreus declara que o próprio Jesus passou por essa mesma resistência, embora não tenha sucumbido a ela pelo pecado. E o próprio Jesus declara aos discípulos de Emaús que tudo isso era necessário para entrar em sua glória.

Enquanto o homem anda envolto na pesada e opaca roupagem do seu corpo e se identificar com esse invólucro, não pode ele ver o Cristo. Mas, quando se desnuda do seu ego e aparece em seu Eu divino, então sabe ele que “Eu e o Pai somos um”, que ele é o Cristo interno, puro como a luz do mundo.

Esse desnudamento metafísico nada tem que ver com a morte física do corpo; depende do seu voluntário egocídio.

A criança não conhece pudor, por inocência; o homem espiritual não conhece pudor, por sapiência.

 Entre a inocência da criança e a sapiência do homem espiritual há a inteligência do homem profano. Quando o homem saiu da inocência do Éden e entrou na inteligência da serpente, diz o Gênesis, sentiu ele vergonha da sua nudez. Mas, quando o homem ultrapassar a zona do seu ego e entrar no Reino do Eu, nada saberá de vergonha, porque a sua nudez será sagrada e pura como a da luz e do Cristo. Pudor e vergonha têm que ver com sexos, que é do ego masculino e feminino. Mas o Eu divino está para além do sexo. Não mais haverá quantificação pela união da creatura com o Creador. As núpcias místicas entre a alma e o Cristo se realizarão entre o puro Eu e o puro Cristo.

Para que o homem possa despir-se da roupagem do ego e pô-la debaixo de seus pés, deve ele contemplar o seu Eu pelo auto-conhecimento e pela auto-realização.
 

 

 

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