
16 - Disse Jesus: os homens possivelmente pensam que vim para derramar a paz sobre o mundo, e o que eles não sabem é que vim para derramar a discórdia na terra, fogo, espada, guerra. Haverá pois cinco em uma casa: três estarão contra dois e dois estarão contra três, o pai contra o filho e o filho contra o pai, e eles serão solitários.
Palavras análogas aparecem em diversos Evangelhos.
Quando desperta no homem o Cristo interno, logo o ego humano se revolta contra o Eu divino, tentando impedir uma “subversão”; porquanto, como diz a Bhagavad Gita, o ego é o pior inimigo do Eu, embora o Eu seja o melhor amigo do ego. Sendo que o ego anti-crístico é “o dominador deste mundo, o poder das trevas”, sendo que o ego “tem poder sobre vós” – é inevitável que o homem profano não tolere ser deposto do seu governo pelo homem sagrado, mobilizando contra o homem crístico todas as hostes anticrísticas.
Nenhum ego mental tolera a transmentalização, a soberania do Eu espiritual; toda a estratégia do Anti-cristo é uma guerra contra o Cristo em todas as frentes. O Cristo é considerado como um invasor ilegal nos domínios do Anticristo.
E, não raro, essa guerra do ego contra o Eu se projeta também para o plano externo e social, dentro da mesma família, quando em alguns dos seus membros o Eu crístico já despertou, e em outros continua a dormir. Neste sentido afirma Jesus: “Os inimigos do homem são os seus companheiros de casa”.
Inúmeras experiências na vida de cada homem comprovam essa discórdia entre pessoas da mesma família. O ego só conhece parentesco carnal, nada sabe de afinidade espiritual. Ou, no dizer de Paulo, “carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus”.
E então os homens cristificados se sentem como solitários no meio de um mundo anticrístico. Mas, a sua solidão é uma solidão profundamente feliz.
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