
Nestas palavras aparece o homem de consciência cósmica, que saberá lidar com todas as coisas pequenas do mundo material, mental, e social, que entram na rede da sua vida diária; mas terá o dom do discernimento espiritual, em virtude do qual distingue de relance o que é importante e duradouro para sua verdadeira evolução; dá a Deus o que é de Deus e dá a César o que é de César: escolhe a “única coisa necessária” de Maria, e deixa as coisas facultativas para Marta. Fica com o peixe grande e liberta-se dos pequenos.
Esta pequena parábola faz lembrar as duas parábolas do “tesouro no campo” e da “pérola preciosa”, em que o feliz descobridor se desfaz de todas as outras coisas e adquire o tesouro e a pérola.
O homem-Eu possui uma espécie de faro cósmico, ou intuição, em virtude da qual ele discerne o que é qualidade duradoura, e o que é apenas quantidade efêmera; enxerga as coisas sub specie aeternitatis, como dizem as biografias dos santos.
O homem profano só se interessa pelas coisas quantitativas, e não percebe a coisa qualitativa.
O homem místico do misticismo unilateral apanha na sua rede somente o peixe grande da espiritualidade isolada.
O homem de consciência cósmica, ou da mística onilateral, apanha na rede da sua vida coisas de toda a espécie, mas devolve ao mundo as coisas sem valor e se apodera da única coisa valiosa. “Examinai todas as coisas – disse Paulo – e ficai com aquilo que é bom”.
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