36 - Disse Jesus: não vos preocupeis de manhã à noite, e da noite à manhã com o que haveis de vestir.
Os outros evangelistas referem essas mesmas preocupações dos profanos com mais palavras.
Quando o homem vive no estreito círculo visual e mental do seu pequeno ego humano, as necessidades materiais da vida diária enchem às 24 horas do seu dia, não só da manhã até a noite, mas também da noite até a manhã; nem o deixam dormir sossegado, e assim lhe vão abreviando a vida e fazendo da sua vida um inferno.
Quando o homem vive no estreito círculo visual e mental do seu pequeno ego humano, as necessidades materiais da vida diária enchem às 24 horas do seu dia, não só da manhã até a noite, mas também da noite até a manhã; nem o deixam dormir sossegado, e assim lhe vão abreviando a vida e fazendo da sua vida um inferno.
E estas preocupações não são apenas dos pobres, que não possuem o necessário para uma vida decentemente humana, são ainda mais dos ricos, que quanto mais possuem tanto mais desejam possuir; e os desejos do ego humano não conhecem fim. O homem profano vive num eterno círculo vicioso: quanto mais tem tanto mais deseja ter.
As estatísticas provam que a imensa maioria dos suicídios ocorre entre pessoas ricas. Dificilmente um pobre se suicida por ter fome, mas muitos ricos se suicidam por fastio, porque o excesso do ter e do querer ter geram um tormento insuportável.
Os grandes Mestres espirituais da vida não recomendam não ter nada, mas ter o necessário para uma vida decentemente humana; se não recomendam a posse, permitem o usufruto.
Jesus nunca foi milionário nem mendigo – e nunca lhe faltou nada. Até andava tão bem vestido que, na hora da sua morte, quatro soldados romanos repartiram entre si as vestimentas do crucificado, e ainda sobrou a túnica inconsútil sobre a qual lançaram sorte.
O que há de estranho e dificilmente compreensível no espírito do Nazareno é uma espécie de matemática cósmica referente aos bens materiais necessários à vida terrestre: não recomenda a sua aquisição mediante uma esfalfante lufa-lufa, como fazem os profanos, mas afirma que todas as coisas necessárias nos serão dadas de acréscimo, isto é, de graça, sem nenhuma caça frenética, suposto que o homem estabeleça dentro da sua consciência um centro de sucção, em virtude do qual essas coisas materiais sejam sugadas ou atraídas, segundo misteriosas leis cósmicas ou divinas. Sendo que todas as coisas da natureza têm, por assim dizer, um pólo inconscientemete negativo, e sendo que o ego humano representa um pólo conscientemente negativo, dá-se uma espécie de repulsão automática entre o negativo da natureza e o negativo do homem-ego; mas, se o homem passar do pólo negativo do seu ego para o pólo positivo do seu Eu, então se dá uma atração natural entre o positivo consciente do homem e o negativo inconsciente da natureza. Sabemos que tal lei existe na física da eletricidade – e por que não existiria na metafísica da Divindade?
Essa lei de sucção ou atração complementar é chamada por Jesus a conscientização do “Reino de Deus e sua harmonia”, que faz acontecer espontaneamente as coisas materiais que nos são necessárias.
Nessa ignota matemática de Jesus as coisas necessárias não vêm do esforço humano, mas de uma força divina; basta que o homem conscientize, e assim mobilize, essa força cósmica do além, e então a natureza se encarrega de canalizar para dentro da vida humana todas as coisas necessárias. Essas coisas geralmente já existem no seio da natureza, ou na sociedade humana, mas somente são canalizadas para dentro da nossa vida, quando estabelecemos em nossa alma essa força de sucção, essa consciência do Reino de Deus e sua harmonia, harmonia essa que, no texto grego se chama dikaiosyne, e em latim justitia. Nossa conscientização não é a causa, mas apenas a condição necessária para o advento dessas coisas; a causa é o próprio Deus e seu mundo cheio de harmonia e complementaridade. Mas a nossa consciência espiritual deve mobilizar forças cósmicas do além, para que elas sejam canalizadas até nós. Somente o homem intensamente cristificado compreende intuitivamente essa misteriosa matemática e logicidade do Reino de Deus.
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