39 - Disse Jesus: os fariseus e os escribas receberam as chaves do
Conhecimento e as esconderam. Eles não entram e não deixam entrar
aqueles que querem. Mas vós, tornai-vos espertos como as serpentes e
inocentes como as pombas.
Esses dois textos são conhecidos por outros Evangelhos, mas sem a conexão que Tomé estabelece.
Os fariseus e os escribas ensinavam teologia, que é uma ciência analítica sobre Deus, mas não é a visão intuitiva de Deus, que é verdadeira Religião. E assim fechavam a entrada no Reino de Deus a seus adeptos, que se guiavam por esse horizontalismo intelectual, porquanto “do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores, porque estes vêm de outra região” (Einstein). Quem se contenta com fatos e os identifica com valores, com a própria Realidade, obstrui o caminho que leva a Deus; adora ídolos fictícios mas não o Deus verdadeiro.
Valor, Realidade, Deus, não são fatos que possam ser descobertos pela inteligência analítica; Deus é a Realidade que se revela ao homem que esteja em condições de receber esta revelação.
A inteligência é simbolizada pela serpente; a intuição é representada pela pomba.
Quando a inteligência substitui a intuição, impede o homem de conhecer Deus.
Mas, se a inteligência serve de precursora da intuição e é integrada nesta, então é útil para a experiência de Deus. É neste último sentido que Jesus recomenda a seus discípulos que sejam inteligentes como as serpentes e simples como as pombas.
A própria ciência, no seu estágio mais avançado, compreendeu a necessidade da união entre análise e intuição. Einstein disse: “Eu penso 99 vezes, e nada descubro; eu deixo de pensar e mergulho num grande silêncio – e eis que a verdade me é revelada”.
Tomás Edison escreveu: “Eu necessito de 90% de transpiração (esforço pessoal) para ter 10% de inspiração”.
Tanto Einstein como Edison reconhecem a necessidade do trabalho da inteligência como fase preliminar necessária a ser superada; ambos concedem que suficiente é somente a revelação ou inspiração intuitiva.
A mentalização se torna obstáculo somente quando pretende substituir a transmentalização; quando ela se põe na vanguarda da nossa vida, em vez de ficar na retaguarda.
Neste sentido diz a Bhagavad Gita: “O ego é um péssimo senhor da vida, mas é um ótimo servidor”.
A inteligência é como João Batista, precursor da intuição, do Cristo; e deve dizer: “Convém que ele cresça e que eu desapareça”.
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