Passado são ilusões dos nossos sentidos; somente presente é a verdade. O eterno agora é o onipresente aqui. Tudo que está sujeito à sucessividade de tempo e espaço é ilusão; a verdade é a simultaneidade. Nada foi e nada será, tudo é.
Difícil é isto compreender para o homem que nunca se libertou da tradicional escravidão dos sentidos e da mente, e não entrou na gloriosa liberdade dos filhos de Deus, que é do espírito.
Do mesmo modo, perguntaram a Jesus: quando virá o Reino de Deus? E ele respondeu: O Reino está dentro de vós; não virá no futuro, mas está aqui e agora no presente. O aqui e agora são a Realidade; o ali e acolá, o antes e depois são ilusões dos nossos sentidos. O homem comum só percebe objetos sensoriais.
Quando o homem é iniciado na realidade do espírito tudo lhe é presente no Eterno e Infinito, nada lhe é ausente no tempo e no espaço.
O Eterno não é a soma total dos tempos. O Infinito não é a soma total do espaço. O Eterno é a negação de qualquer parcela de tempo. O Infinito é a negação de qualquer partícula de espaço.
Quando o homem se esvazia de todas as percepções sensoriais e de todas as análises mentais, então lhe acontece a grande invasão do Eterno e do Infinito; então tudo que lhe estava ausente se torna presente, e tudo que lhe era distante se torna próximo. Para o homem assim ego-esvaziado e cosmo-plenificado, nada é sucessivo, tudo é simultâneo; ele está em Deus, e Deus está nele; ele está no Universo, e o Universo está nele.
Santo Agostinho, nos seus “solilóquios”, pergunta a Deus: onde estavas tu, quando eu vivia nos meus pecados? E Deus lhe responde: Eu estava no teu coração. Agostinho replica: Como podias tu, a Infinita santidade, estar em mim, o maior pecador? E Deus responde: Eu estava sempre presente a ti, mas tu andavas sempre ausente de mim. Agostinho protesta: Como podias tu estar presente a mim, se eu estava ausente de ti? E Deus responde: A tua ausência era uma ilusão, a minha presença é a Verdade; tu fazias de conta que estavas ausente de mim, para poderes viver tranquilamente nos teus pecados; mas Eu a Verdade, não posso estar ausente de ninguém, porque eu sou a Onipresença.
Os discípulos querem saber quando começa o mundo novo e quando será o repouso dos mortos; e Jesus lhes faz ver que isto não depende de um quando ou de um onde objetivo, mas sim de um como subjetivo.
Semelhantemente, a mulher samaritana do Evangelho quer saber de Jesus onde se deve adorar a Deus, se no monte Garizin, se no Templo de Jerusalém. E o Mestre responde com um como: Deus deve ser adorado, não aqui e acolá, mas “em espírito e em verdade”. O onde se referia a um lugar objetivo, o como designa uma disposição subjetiva do homem. Quando o homem adora a Deus em espírito e em Verdade, então desaparece a diferença entre esse onde e esse quando.
Não depende do quando do tempo nem do onde do espaço se o mundo novo se vai manifestar e se os mortos têm repouso; depende unicamente de uma nova consciência do homem... A superação da pequena ego-consciência ilusória e o despertar da grande consciência verdadeira.
"Faz parte desse momento histórico a desmitificação da espiritualidade. Você tem que abrir os olhos para o que há de espiritual na simplicidade de tomar um café, de comer um sanduíche, de ler um bom livro... ou de, simplesmente, respirar.
Não pode estar relacionado às sensações, pois a essência, o Buda/cristo está além dos sentidos. Toda a busca que ocorre através dos sentidos, em algum ponto, se frustra.
A verdadeira experiência mística não é sensorial, nem intelectual. Não é sequer uma experiência tal qual estamos condicionados a compreender o que seja uma experiência. Não existe imagem, conceito ou pensamento que definam a Consciência que você é.
A mente insiste em conceitualizar, em tonificar, em imaginar. Ela, inclusive, investe boa parte do seu tempo em comparar. – "Você viu as barbas longas daquele yogi hindu? Somente quando a minha barba estiver daquele tamanho, estarei onde ele se encontra." É assim que a mente pensa. E você a segue sem pudor – tornando o seu despertar inalcançável.
A mente foi condicionada e a única coisa que você precisa fazer é ver isso transparentemente. Se você puder ver o funcionamento da mente, destacado dela, poderá desidentificar-se das suas propostas. Nesse ponto, se abre uma miríade de possibilidades, nasce o Ser. Novo. Fresco. Virgem. Intocável. Livre de qualquer discurso pregresso. Autêntica e originalmente, você." SATYAPREM
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