42 - Disse Jesus: tornai-vos transeuntes
Esta mensagem de Jesus consta somente do Evangelho do apóstolo Tomé.
Paulo escreve aos cristãos do primeiro século: “Não temos aqui morada permanente; somos peregrinos na terra – a nossa pátria é o Céu”.
Paulo escreve aos cristãos do primeiro século: “Não temos aqui morada permanente; somos peregrinos na terra – a nossa pátria é o Céu”.
Viver na consciência da transitoriedade da vida terrestre preserva o homem de querer estabelecer-se aqui em caráter definitivo, de querer erguer suntuosos palácios e mansões maciças à beira da estrada da vida, em vez de se contentar com modestas choupanas ou barracas de nômades. Como os hebreus durante os 40 anos da sua peregrinação pelo deserto, entre o Egito e Canaã, não nos convém firmar residência sólida e definitiva em parte alguma – somos apenas transeuntes.
O nosso próprio corpo não é habitáculo fixo. Daqui a pouco o material dele voltará para quem o emprestou por alguns anos ou decênios, voltará para a natureza donde veio. O nosso corpo não é nosso, é da natureza; nele não existe nada que não exista na terra, nas águas ou no ar. Quando o corpo é sepultado, volta à terra lentamente; quando o corpo é cremado, volta ao ar rapidamente, sobrando apenas um punhado de cálcio, que o fogo não pôde consumir.
O nosso espírito, porém, não é sepultado nem cremado; o espírito não é meu, o espírito sou eu. O Eu não volta à natureza material, porque dela não veio. O Eu volta para a Divindade, donde veio.
Mas a creatura creativa, que é o homem, não deve devolver ao Creador a alma assim como a recebeu. Minerais, vegetais e animais, sim, devolvem a Deus o que de Deus receberam, tal qual, porque não podem fazer outra coisa, não têm poder creador.
Mas o homem não deve devolver a Deus o que de Deus recebeu; isto seria ser “servo mau e preguiçoso”. Para que o homem seja “servo bom e fiel”, tem de devolver a Deus o que de Deus recebeu mais outro tanto que ele mesmo creou. Quem recebeu cinco talentos deve restituir dez; quem recebeu dois talentos deve restituir quatro.
O homem não é apenas uma creatura creada, ele é uma creatura creadora. Quem pode deve, e quem pode e deve e não faz, crea débito – e todo débito gera sofrimento. O homem que não se crear mais do que Deus o creou, torna-se devedor, culpado, e toda a culpa, cedo ou tarde, provoca sofrimento, que é a reação das leis cósmicas contra o devedor.
A única razão de ser da nossa encarnação terrestre está em crearmos durante o nosso estágio terrestre, algo que Deus não nos deu, sermos creadores. Ser creatura creadora é ser semelhante ao Deus Creador. Somos peregrinos, imigrantes em trânsito, com visto temporário. Durante a nossa permanência em terra estranha, devemos despertar e ativar a nossa consciência cósmica e regressar “à alma do Universo” mais ricos do que dela emigramos.
Sejamos transeuntes!
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