23 de dez. de 2012

Ação e Reação




25 - Disse Jesus: Ama teu irmão como tua alma, protege-o como a pupila dos teus olhos.

Por mais estranho e paradoxal que pareça à primeira vista, o verdadeiro amor é auto-amor ou auto-afirmação. Aos inexperientes parece isto puro egoísmo, porque eles entendem por autós o seu ego, e não o seu  Eu. O nosso Eu, porém, é Deus, é a alma do Universo, é o Uno e o Infinito da Essência, embora manifestado existencialmente na forma individual do Eu. Por simples coincidência da nossa língua, o Eu é parte da palavra Deus, e Deus é um alargamento de Eu. O meu Eu, minha alma, meu atman, é o próprio Deus universal e transcendente em forma individual e imanente.

Graficamente, poderíamos ilustrar essa verdade do modo seguinte:


Se o Eu ama o Tu linearmente, há um amor de ego para ego. Mas, se o Eu ama o Tu triangularmente, via Deus, então o Eu ama o Tu, não como um ego humano, mas como um Eu divino; o Eu ama no Tu o mesmo Deus que ele ama em si mesmo. De maneira que quem ama a Deus realmente, integralmente, ama-o a) em Deus, b) no Eu, c) no Tu; ama o único Deus na fonte Deus e em dois canais humanos, no canal Eu e no canal Tu.

Amar Deus em Deus e Deus no Eu é experiência mística; amar Deus no Tu é vivência ética. A verdadeira ética é um transbordamento natural e espontâneo da mística.


Amar seu próximo apenas linearmente, como no primeiro caso, é apenas altruísmo ou moralidade, mas não é verdadeira ética.


A vivência ética da fraternidade humana supõe necessariamente a experiência mística da paternidade divina.
É este o sentido profundo das palavras de Jesus acima citadas: amor-alheio é o transbordamento espontâneo do amor-próprio bem entendido: ama teu próximo como a ti mesmo – suposto que esse amor-próprio seja amor de Deus no homem.



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