21 de dez. de 2012

Morada de Deus


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Escada de Jacob por William Blake (c. 1800, British Museum, Londres)

24 - Seus discípulos disseram: mostra-nos o lugar em que estás, pois é necessário que nós te busquemos. Respondeu-lhes ele: aquele que tem ouvidos que ouça. Dentro de um homem iluminado há luz e ele ilumina o mundo todo. Quando ele não brilha, há trevas.

http://www.sedentario.org/wp-content/uploads/2009/05/jacobs_ladder.jpgMilênios antes do nosso tempo disse Moisés que a luz foi a primeira creatura de Deus, e da luz vieram todas as outras coisas.

Em nosso século escreveu Einstein que todas as coisas são produto da luz; todas são lucigênitas e todas podem ser lucificadas.

Mas, além da luz externa há uma luz interna, que é a causa e a fonte daquela.
“Eu sou a luz do mundo – vós sois a luz do mundo”.

A luz do mundo, de que o Cristo fala, é a luz metafísica, que creou a luz física.
Espírito é luz metafísica, luz imaterial, luz invisível.
A alma humana é uma emanação dessa luz infinita.

Quando o homem chega à plena consciência da sua alma-luz, então ele ilumina o ambiente em que vive, e, por fim lucifica as próprias coisas opacas, tornando-as transparentes como uma luz intensa diafaniza o prisma que permeia. A intensificação da luz da alma depende da conscientização. Quando o homem atinge o zênite da sua conscientização, então sabe e saboreia ele “Eu e o Pai somos um; o Pai está em mim e Eu estou no Pai”.

O principiante pensa que o Céu seja um certo lugar a que o homem deva ir; mas o iniciado sabe que o Céu é a conscientização da luz da alma.

A luz física tem a tendência de se difundir exteriormente em todas as direções; e tanto maior é a expansão da luz quanto mais intensa for a sua concentração. A mesma lei rege também a luz metafísica, quanto mais intensamente o homem se concentra em si mesmo, tanto mais extensamente irradia ele essa luz em derredor em benefício dos outros. O maior benfeitor da humanidade é o místico focalizado na luz divina. A grande lei da “constância das energias”, que a física conhece, impera também na metafísica: nenhuma energia se perde; todas as energias são constantes e se transformam.

Neste sentido dizia Mahatma Gandhi: “Quando um único homem chega à plenitude do amor, neutraliza o ódio de muitos milhões”.

Ninguém pode fazer bem aos outros, sem ser bom em si mesmo.
Ninguém pode difundir luz para os outros, sem ser luz em si mesmo.
Se o homem não for luminoso em si, será treva para si e para os outros.


18 de dez. de 2012

Reencarnação


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23 - Disse Jesus: eu vos escolherei na razão de um em mil, dois em dez mil, e sereis todos como um só.

O homem sensorial é pluralista.
O homem mental é dualista.
O homem espiritual é unista ou monista.

Pelos sentidos o homem percebe o Universo como uma imensa diversidade sem a menor unidade.
Pela inteligência, o homem analisa o Universo como uma dualidade entre causa e efeito.
Pela razão espiritual o homem intui o Universo como uma Essência Una e Única que se manifesta em existências múltiplas.

O homem univérsico, o homem da cosmo-visão, existe e sempre existiu sobre a face da terra, mas é ainda uma pequena elite; a grande massa é ainda pluralista ou dualista. O homem monista é apenas 1 entre 1.000, ou 2 entre 10.000.

Esta visão monista começa, quase sempre, como monismo unitário, como uma visão do Uno no Uno, como uma experiência mística da Essência Única da Divindade Divina, da Realidade solitária. Pouco a pouco, o monismo unitário se expande num monismo diversitário, como Realidade Univérsica, como o Deus do mundo no mundo de Deus; o misticismo unilateral se desdobra em mística onilateral; a consciência mística desabrocha em consciência cósmica.

O homem de consciência cósmica vê Deus no mineral, no vegetal, no animal  no hominal. Vê a única essência transcendental como existência imanente, inconsciente no mineral, subconsciente no vegetal, semi-consciente no animal, ego-consciente no homem intelectual – e pleni-consciente no homem racional.

Esta longuíssima jornada ascensional do ser humano tem o seu início aqui no jardim de infância do planeta terra; mas continuará, por milhares de anos, séculos e milênios, através das muitas estâncias que há na casa do Pai celeste, nesse Universo de incomensurável grandeza e amplitude.

Quanto mais o homem progride nessa jornada evolutiva rumo à Essência Una, mais ele se une aos outros companheiros de jornada, até finalmente se tornar Uno com os outros.

Se Sócrates, Platão e Jesus, escreve Santo Agostinho, se tivessem encontrado, teriam harmonizado admiravelmente em suas ideias.

Uma só é a Verdade, muitos são os caminhos que conduzem à Verdade. Um viajor que vem do norte parece ser contrário ao que vem do sul; um viajor que vem do leste parece ser adversário de outro que vem do oeste. Entretanto, todos são unidos quando vistos do centro, embora pareçam desunidos e contrários quando contemplados da periferia.

“Creio na comunhão dos Santos”, diz um dos artigos do Credo Apostólico. A comunhão dos santos é a convergência dos viajores rumo à Verdade única; é a complementaridade de todos os pólos aparentemente contrários.

A divergência é da massa – a convergência é da elite.
A discórdia é dos muitos – a concórdia é dos poucos.

Hoje em dia está crescendo notavelmente a elite e diminuindo a massa. Cada vez maior é a fome da religião – e cada vez maior é o fastio das religiões.

Quanto mais o homem se aproxima de Deus, tanto mais o homem se aproxima dos outros homens.
Quanto mais crescer a consciência mística da paternidade única de Deus, tanto mais crescerá a vivência ética da fraternidade dos homens.

A verdadeira mística transborda em verdadeira ética.

17 de dez. de 2012

O Néctar da Vida


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22 - Jesus viu criancinhas que estavam sendo amamentadas. Disse aos seus discípulos: essas criancinhas que estão sendo amamentadas são semelhantes àqueles que entrarão no Reino. Disseram-lhe: Poderemos então, como crianças, entrar no Reino? Jesus disse-lhes: quando fizerdes de dois um e quando fizerdes o interno tal qual o externo e o externo tal qual o interno, e o de cima tal qual o de baixo, e quando tornardes o homem e a mulher em um só, de tal forma que o homem não seja homem e a mulher não seja mulher, quando dispuserdes olhos no lugar de olhos e a mão no lugar da mão, e o pé no lugar do pé, uma imagem no lugar de uma imagem, aí, então, entrareis no Reino.

O Mestre não espera que seus discípulos sejam crianças, mas que sejam como crianças. O que a criança faz por primitiva ignorância, deve o homem espiritual fazer por avançada sapiência. A criança ignorante age por vacuidade, o homem sapiente age por plenitude. Vistos por fora, a criança e o sapiente são muito parecidos, mas por motivos diametralmente opostos, pois os extremos se tocam.

O que é instintivo e espontâneo é simples – o que é intuitivo e espontâneo também é simples; mas o que é intelectivo e artificial é complicado.

O homem unilateralmente erudito é, quase sempre, um homem cheio de complexos e complexidades, cheio de artificialismos e arrevezamentos curvilíneos.

Por outro lado, o homem de sabedoria onilateral, de experiência profunda e vasta, é sempre um homem simples e benévolo, um homem de atitude lhana e retilínea.

Em face do sexo a criança não tem malícia, não se escandaliza com nudez masculina ou feminina, acha tudo natural e puro.

Ao passo que o homem no plano ego malicia tudo e descobre perversidade em tudo – mas o homem na dimensão do Eu espiritual é cândido como a criança, não por ignorância, mas por sapiência.

No Universo e na humanidade tudo é bipolarizado; mas no homem-ego essa bipolaridade tem caráter de contrariedade, ao passo que no homem-Eu essa bipolaridade se transforma numa harmoniosa complementaridade. De maneira que o dois, sem deixar de ser dois, aparece como um perfeitamente unificado.

O homem Cristo-cómico vê o Uno no Verso e vê o Verso no Uno, porque atingiu as alturas do homem univérsico, do homem integral, a que se refere Jesus nas palavras acima citadas.

 

14 de dez. de 2012

Os discípulos de Jesus


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21 - Disse Maria a Jesus: A que se parecem teus discípulos? Ele lhes respondeu: Eles são como crianças que se instalaram num campo que não lhes pertence. Quando os donos do campo aparecerem e lhes disser: devolvam nossos campos, eles se despojam de suas roupas e diante deles lhes devolvem os campos. Entretanto, eu digo: se o dono da casa souber que o ladrão vai vir, ficará de vigia e não o deixará entrar na sede de seu reino para levar seus haveres. Deveis, então, tomar cuidado com o mundo; cingi fortemente vossos rins para que os salteadores não encontrem uma forma porque encontrarão o proveito que imaginais. Deixai que haja entre vocês um homem compreensivo; quando a fruta amadurece, ele vem depressa, com a foice na mão e a colhe. Aquele que tem ouvidos que ouça.

Maria – a mãe de Jesus, ou alguma das outras Marias do Evangelho – quis saber com quem se pareciam os discípulos de Jesus, e o Mestre deu a maravilhosa resposta acima: O verdadeiro discípulo do Cristo se parece com alguém que vive num campo alheio, exatamente como a alma humana que não vive em sua pátria, mas num campo de imigração terrestre, onde tem de passar alguns decênios para colher experiências através do corpo material, que lhe foi emprestado por seus pais. Este mundo é de outro dono, como afirma o próprio dono quando diz: “Eu te darei todos os reinos do mundo e sua glória, porque são meus e eu os dou a quem eu quero”; e Jesus confirma as palavras do anticristo dizendo: “O dominador deste mundo, que é o poder das trevas, tem poder sobre vós”. A alma humana, que veio de outras regiões foi enviada temporariamente para o campo alheio desta terra, não por punição, mas para ulterior evolução.

Ultimamente, um grupo de cientistas atômicos da Universidade de Princeton, publicaram a sua Cosmo-visão, ou “Gnose”, em que declaram que sem uma “resistência” entre espírito e matéria não é possível a evolução do espírito, que, em forma individual se chama alma. Resistência é dificuldade, sofrimento, fator indispensável para a evolução.

Depois de certo tempo, os donos do campo Terra expulsam da sua propriedade o imigrante alma, e ela deixa o campo do mundo, sem levar nada, totalmente desnuda no seu Eu espiritual; devolve aos donos do campo até o material do seu corpo, que da terra recebera.

Se Didymos Thomas, o autor deste Evangelho, não tivesse escrito nada senão estas palavras, seria suficiente para incluí-lo entre os grandes iniciados cósmicos da humanidade.

Todo o verdadeiro discípulo do Cristo se considera um emigrante do Além e imigrante do Aquém; não se apega fanaticamente ao campo alheio do mundo material, nem o rejeita acerbamente; mas serve-se dele benevolamente para sua evolução ascensional, como um meio para colher experiências na longa jornada através das muitas estâncias que há em casa do Pai celeste.

Graças a ti, Maria, que deste oportunidade a Jesus para dizer tão maravilhosas palavras a seu discípulo Tomé.

Estas palavras são a continuação da parábola precedente sobre a criança inocente em campo alheio. Os donos do campo terra são ladrões profissionais e procuram sempre roubar-vos os tesouros do reino da alma. Por isto, deveis estar sempre alerta, para que o mundo profano não penetre no santuário do vosso espírito.

Estar de quadris cingidos é estar prontos para a viagem, dispostos para partir a qualquer momento para regressar do exílio terrestre à pátria celeste, com rica colheita de experiências. Então tereis seguro o tesouro que adquiristes durante a vossa estada no campo alheio da terra.

Tende a visão da vossa maturidade, e não queirais permanecer em terra alheia quando é chegada a hora da vossa partida para regressardes à querência do Além.

Morrer é tão natural como nascer e viver.

Silêncio é Morte

"Recentemente ouvi uma frase bem curta e completa que diz: “Silêncio é morte”. A autora da frase é a Gangaji. “Silêncio é morte” – ela diz. Confesso que fiquei um tanto quanto em choque, enquanto ouvia sua fala. Pois, o que mais pode haver depois disso?

O convite é repousar no Silêncio – e, atualmente, ousamos dizer que esse Silêncio, no qual você está sendo convidado a repousar, é você. Às vezes me pego sem esperanças, porque este convite não é bem vindo para a maioria das pessoas. Mas, num ato de teimosia, trago à baila mais uma vez: você é o Silêncio! E o Silêncio é a morte de quem você pensa que é.


Se tem acesso a isso, celebre. Ou, então, continue procurando – levante pedra, moa pedra, coma pedra... mas continue procurando. Eventualmente haverá uma rendição. Digo “haverá” arrogantemente – porque se não for seu destino acordar para o segredo, você permanecerá buscando e tentando obter respostas para as suas perguntas. Mas, se o Silêncio é morte, é a morte do quê? É a morte desse que está constantemente buscando respostas.


Isso me lembra o diálogo entre um monge e seu mestre:


O monge diz:


“Mestre, você pode me dizer o que é a iluminação?”


O mestre responde:


“Sim, poderia. Mas você seria capaz de compreender?”


Uma vez vislumbrada a resposta da pergunta “Quem sou eu?” – se tiver coragem de colocar de lado tudo o que acredita –, o acesso ao Silêncio a que me refiro será imediato."   Satyapren

 
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