12 de jul. de 2012

O Si-mesmo (Self)

Autor: Frederico Eckschmidt 
  
O complexo do Si-mesmo ou Self (Selbst) corresponde à função mais importante para a Psicologia Analítica. Ele pode ser compreendido basicamente de duas maneiras: uma mitológica, quando assume a forma de um Homem-Deus, e uma psicológica, quando representa a totalidade de nossa personalidade ainda inconsciente.

Quando ocorre ao indivíduo o aumento do conhecimento do 'eu', devido à integração dos fatores de projeções (sombra, animus e anima), inicia o processo de tomar consciência do Si-mesmo.
"Sua assimilação alarga não somente as fronteiras do campo da consciência, como também o significado do eu" (Jung).
Jung o definiu como a totalidade da esfera psíquica que abrange todos os conteúdos do consciente e o inconsciente, o ego e o não-ego, a psique e a matéria. Sua manifestação na consciência é sempre uma imago Dei (imagem de Deus).
Este arquétipo se apresenta em três estruturas principais:

1. A da totalidade impessoal (a Verdade Absoluta, a eternidade, o Tao, o ponto e a circunferência, etc.);
2. A fonte da vida de todos os seres e do Universo (corresponde à libido de Jung e na Índia é conhecido como o Paramâtmâ (Vishnu) presente no coração de todos os seres); e
3. Uma personalidade suprapessoal (o Homem-Deus ou uma personalidade transcendente).
Quando é incorporada ao sentido humano ela se manifesta como "uma imagem arquetípica do potencial mais pleno do homem e a unidade da personalidade como um todo".

É um ideal mitológico que, para ser incorporado, é necessário percorrer um caminho igualmente mitológico até chegar ao símbolo unificador, geralmente na figura de um Salvador cósmico. Um ser perfeito que faça a mediação entre Deus e o homem. Essa representação é estruturada a partir de arquétipos amplificados por emoções e projeções devido à sua energia numinosa, assim transformam-se nas figuras míticas de herói, do sábio, do Buddha (o Iluminado), de Jesus (o Cristo), Caitanya (a manifestação do amor entre Krishna e Râdhâ), Muhammad (Profeta), etc.

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O mito formado em torno dessa imago é geralmente descrito na vida de um ser humano perfeito, que transpôs muitas dificuldades ou passou por provas, decidiu se isolar num lugar distante ou passou por um teste moral do encontro com a sombra (e não cedeu), assimilou a dualidade das sígizias (dos opostos complementares) e dessa forma conheceu o 'verdadeiro Deus' alcançando a 'transcendência'.

Por isso, quando a pessoa adquiriu uma atitude simbólica em relação à vida, incorporando conscientemente o processo natural de formação dos símbolos arquetípicos, não é difícil ela se identificar com esse mitologema.

O Si-mesmo é aquilo que leva o indivíduo a sacrificar-se e até mesmo compele a oferecer o sacrifício. O Si-mesmo é o sacrificante e o indivíduo é a vítima sacrificada. Mas o que se sacrifica é a pretensão egoística e com isso o indivíduo se sacrifica a si mesmo.

O cristão dá sentido aos seus sofrimentos identificando-os com o sofrimento de Cristo (imitatio Cristi) e o hindu na realização de seu dharma, seu dever por ter se manifestado.

Jung comenta que "nós ganhamos a nós mesmos com o auto sacrifício, ganhamos o Si-mesmo, pois só damos o que temos" e com isso o indivíduo se desliga das projeções inconscientes decorrentes da participatión mystique, passando então do estágio de dissolução do inconsciente para o estágio consciente e do estágio em potência para o estágio em ato, tornando-se assim o homem que ele é.

Quando ocorre esse fenômeno, o Si-mesmo funciona como um princípio unificador dos opostos dentro da psique humana, unindo as poderosas forças inconscientes na consciência e tornando o indivíduo um ser único e total.
"Nos sonhos e imagens interiores esse processo de tornar-se homem é representado, de um lado, como a concentração de várias unidades, como a reunião de algo que está disperso e, de outro, como um processo em que algo que sempre existiu vai surgindo pouco a pouco e se tornando cada vez mais claro.
Dessa forma, o Si-mesmo é também a mais importante função de orientação que pode-se contar. Essa função, durante toda nossa vida, nos direciona e prepara para um desenvolvimento da personalidade em direção a uma meta, que é a integração da consciência com o inconsciente coletivo (Individuação) _onde acontece a união máxima com a totalidade na hora de nossa morte.

Esse processo de conscientização, enquanto reunião de partes dispersas é uma operação consciente e voluntária do eu, mas por outro lado é um afloramento espontâneo de algo que já existia em nós mesmos.

Mas, na medida em que a personalidade ainda é potencial, é possível chama-la de transcendente, e na medida em que é inconsciente, não se diferencia dos conteúdos de suas projeções causando na consciência os símbolos cósmicos, como veremos adiante.

Devido à qualidade numinosa deste arquétipo, ele acaba se manifestando no centro de todos os sistemas monoteístas e monistas e, por esta razão, o símbolo da totalidade do Si-mesmo não tem diferença da imagem de Deus ou, para ser mais preciso, ela representa o oposto complementar a imago Dei.
"Podemos agora interpretar o aspecto da imagem divina da quaternidade como um reflexo do Si-mesmo ou, inversamente, o Si-mesmo como uma imago Dei. Ambas as interpretações são psicologicamente verdadeiras, pois o Si-mesmo, pelo fato de só poder ser percebido no plano subjetivo como a singularidade mais íntima possível, precisa de uma totalidade como fundo, sem a qual não poderá, de forma alguma realizar-se como indivíduo absoluto. Para sermos mais exatos: o Si-mesmo deveria ser concebido com o extremo oposto de Deus (Jung).
Os símbolos totalitários do Si-mesmo significam tanto um, como outro aspecto e por isso é um paradoxo, abrangendo todos os opostos possíveis, do maior e do menor, vida e morte, corpo e espírito (psique), unidade x pluralidade, claro x escuro, matéria x alma (anima), céu x terra, fogo x água, etc.

Devido à sua poderosa força integrativa, é representado geralmente como o Uróboro, a serpente que come a própria cauda. É o hierosgamos, as núpcias sagradas (união) de todos os opostos.

A projeção deste complexo no Universo gera um sentimento de sincronicidade com a natureza, pois é reconhecida a semelhança entre o micro e o macrocosmo. No antigo gnosticismo este sentimento foi nomeado como o microcosmo (individuum) em oposição complementar ao macrocosmo (Universo). Isto porque eles compreendiam que dentro do indivíduo estava contido todas as coisas e vice-versa.
Uma representação comum na qual Jung se refere constantemente, é o conceito de âtman no Oriente, que possui uma parte coletiva (Paramâtmâ) e uma parte individual (Jivâtmâ), exatamente como o Si-mesmo.

Segundo a antiga tradição da Jñana-Yoga, este âtman (Si-mesmo) é conhecido como um centro de energia formado pela consciência pura. Segundo Shrî Aurobindo, este centro é chamado o mais alto Purusha [o Desfrutador, ou Vidente].

As traduções aproximadas são Desfrutador ou Vidente, mas também podemos compreendê-lo como o senhor dos sentidos (Ishvara), a fonte do prâna, a força vital da consciência, como a noção libido ou energia psíquica.

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Virat-Rupa / Personificação do Universo
O Purusha é imortal, ele é conhecido como o Vishnu que deita no oceano causal (Virajâ) sobre o corpo de Ananta, a serpente de infinitos capelos que representa a eternidade.

Ele é chamado avatâr (encarnação) da divindade Govinda. Este Vishnu é a Superalma (Paramâtmâ), base do corpo físico universal, e o fato de vir acompanhado com a serpente significa que ele é também a força vital que anima os seres vivos e o Universo. É o Homem cósmico total (virat-rupa) e a Superalma de todos os seres.
Na forma conhecida como virat-rupa (a forma universal representada na imagem ao lado) descrita no Rgveda 10,90: Ele possui "mil cabeças, mil olhos e mil pés. Ele abarca a terra inteira e domina o espaço de dez dedos" (Hillebrandt, Lieder der Rgveda, p. 130), ou seja, abarca as grandezas do maior ao menor.
Psicologicamente, estas representações devem ser entendidas como uma manifestação da dupla natureza do Si-mesmo: o inconsciente coletivo que busca manifestar-se na individualidade consciente como oposição à sua própria totalidade inconsciente.

Para o hinduísmo, portanto, a manifestação do inconsciente se dá através do Purusha desfrutador, que se manifesta na dupla natureza dos opostos.

Por essa dupla natureza paradoxal, o Paramâtmâ e o Jivâtmâ são compreendidos como qualitativamente semelhantes, mas quantitativamente diferentes, uma é onisciente e a outra é consciência concentrada.

Uma é conhecida como o Vidente ou Observador e a outra é o objeto observado. Essa dualidade também pode ser vista como a junção da alma com o corpo.

Para Shrî Aurobindo Âtmâ "é o original e transcendente si-mesmo (self), enquanto a Jivâtmâ é uma mera réplica e é associada ao individual. [...] A Jivâtmâ não é o verdadeiro si-mesmo, pois a verdadeira forma é eterna e livre".

A unificação das duas só ocorre com este sentimento de Homem-Deus, que é a divinização das ações humanas para com a vida. Isso equivale a reconhecer nossa natureza 'espiritual' infinita encarnando no corpo, no 'Verbo'.

É a chamada plenificação do homem que surge do processo de Individuação, onde se atinge, no mais alto grau possível, a unidade da personalidade como um todo.
Dessa forma, como já visto, todos esses símbolos do Si-mesmo acabam apontando ou direcionando as nossas ações diárias para uma meta fisiológica instintiva (arquetípica), que é tomar consciência da totalidade do Si-mesmo, na busca pelo ser humano total, que integrou em si mesmo o Universo ou o que chamamos de Deus.
Como imagem do instinto, já vimos que o arquétipo do Si-mesmo vem representado em figuras como Jesus, Buddha, Krishna, etc. É o 'alvo espiritual' para o qual tende toda a natureza do homem.

Porém, não é fácil usar a palavra "espiritual" sem que ela venha carregada de preconceito, mas usar o termo inconsciente coletivo não o representa corretamente, pois lhe falta o caráter primitivo e numinoso.

Digo isso porque essa absorção máxima com a totalidade ocorre em dois momentos importantes: a mais comum ocorre no momento da morte. Mas se esta experiência acaba acontecendo em vida, ocorre uma espécie de renascimento psíquico, que é representada como uma "absorção" da consciência no inconsciente coletivo ou neste chamado "mundo espiritual".

Portanto, os símbolos e mitos que se manifestam na consciência possuem a função de orientar o indivíduo para este momento de 'imersão na totalidade' e que vai, gradualmente, se desenvolvendo na consciência. Por isso a consciência traz consigo uma espécie de "responsabilidade", pois é aí que entra o dogma.

Este dogma (dharma) nos prepara para que, no momento da morte, não deixemos coisas para trás ou por terminar. É esta espécie de responsabilidade que se apresenta para alguns cobrando um preço pelas ações feitas durante a vida com base em uma espécie de "código de conduta".

Se por acaso a pessoa seguiu este código, e chegou ao final de sua vida com um sentimento de 'tudo terminado', então essa pessoa aproximou-se da meta da Individuação. Caso contrário, não.
Jung comenta a esse respeito:
"O grau de consciência atingido, qualquer que seja ele, constitui, ao que me parece, o limite superior ao qual os mortos podem acender. Daí a grande significação da vida terrestre e o valor considerável daquilo que o homem leva daqui 'para o outro lado' no momento da sua morte. É somente aqui na vida terrestre que se chocam os contrários, que o nível da consciência pode elevar-se. Essa parece ser a tarefa metafísica do homem _mas sem mitologein ['mitologizar'] apenas pode cumpri-la parcialmente.
No mantra dez do Shrî Isopanisad está dito: "os sábios explicaram que o cultivo de conhecimento dá um resultado, e o cultivo da ignorância da outro resultado diferente".

Quem buscou o conhecimento da dualidade, conseguindo passar pelos testes morais da vida sem deixar-se sucumbir à sombra, relata um sentimento de alívio por ter cumprindo seu dever para com o dogma vigente em sua cultura, encontrando seu próprio mito e alcançando o "reino de Deus".

Caso contrário, parece que este momento não é tão bom assim e causa muito medo. É chamado na mitologia como o Dia do Juízo Final cristão ou no tribunal de Yamaraja dos hindus. É o tribunal de Osíris do antigo Egito, onde o coração do morto era pesado, e, se fosse mais pesado que a pena de Maat (Justiça), sua alma seria devorada e ele deixaria de existir para sempre (imagem abaixo).

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O Dia do Juízo Final

 Fonte: http://www.psicoanalitica.com.br


 

29 de jun. de 2012

Acesso ao Eterno; Disciplina e Via Espontânea


 

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A virtude, pois, é essencial para se compreender a Realidade, e virtude não é respeitabilidade. Ser virtuoso, sem procurar tomar-se virtuoso, exige extraordinária investigação, lúcido pensar. Descobrireis, então, que existe uma disciplina não relacionada com a disciplina da moralidade social; uma disciplina que é essencial, porquanto torna a mente capaz de seguir com incomum velocidade o célere movimento da Verdade. (…) (Idem, pág. 147)



Se desejais compreender o que é a Realidade, vossa mente deve ser capaz de extraordinária lucidez, silêncio, velocidade; e não é lúcida, não é silenciosa, não é veloz a mente quando agrilhoada a qualquer forma de disciplina. (…) Ao compreenderdes isso, vereis que existe uma disciplina, uma austeridade não resultante de atividade egocêntrica; e essa disciplina é que é essencial, para que a mente possa seguir o rápido movimento da Verdade. (Idem, pág. 147)

Ora, a mente que busca a Realidade encontra, nessa própria busca, um “processo” de disciplina em que não há experimentar por parte do “experimentador”. Para que o “experimentador” não tenha experiências, requer-se extraordinária lucidez, espantosa firmeza de pensamento, de compreensão; e dessa compreensão da totalidade da mente, que é autoconhecimento, provém uma disciplina, uma conduta, um comportamento produtivo daquela austeridade tão essencial ao “abandono” (de si mesmo). Com esse “abandono” (…) encontra-se a Beleza. Só a mente que de todo se abandona é realmente austera, e ela é que pode compreender a Verdade, a Realidade. (O Homem Livre, pág.148)

Pergunta: Não é necessária a prática de uma disciplina regular?
Krishnamurti: Um dançarino ou um violinista pratica muitas horas por dia a fim de manter os dedos macios e os músculos flexíveis. Ora, é possível mantermos a mente maleável, reflexiva, compassiva, com o praticar determinado sistema de disciplina? Ou só podeis conservá-la aberta, aguda, com a percepção constante do pensamento-sentimento? (…) (Autoconhecimento, Correto Pensar, Felicidade, pág. 170)

Ao passo que, se nos tornarmos conscientes e compreendermos que pensamos em termos de sistemas, fórmulas e padrões, então o pensamento-sentimento, libertando-se deles, tornar-se-á pouco a pouco flexível, alerta e agudo. Se considerarmos plenamente (…) seremos capazes de compreender e sentir ampla e profundamente. (…) (Autoconhecimento, Correto Pensar, Felicidade, pág. 170-171)

Essa larga e profunda percepção traz a própria disciplina, disciplina não imposta, exterior ou interiormente (…) resultante do conhecimento de nós mesmos, (…) do correto pensar, da compreensão. Tal disciplina é criadora, não forma hábito nem estimula a indolência. (Idem, pág. 171)
Pergunta: Todas as religiões têm encarecido a necessidade de alguma espécie de disciplina. (…) Mas pareceis dar a entender que tais disciplinas constituem um obstáculo. (…)
(…) O que em geral acontece é que escolheis o que é mais conveniente, (…) satisfatório; simpatizais com o homem, sua aparência, suas idiossincrasias. (…) Mas, deixemos de lado tudo isso. (…) (Solução para os nossos Conflitos, pág. 79-80)

Que implica a disciplina? Por que nos disciplinamos (…)? A disciplina e a inteligência são compatíveis uma com a outra? (…) A maioria das pessoas acha que precisamos, mediante dada espécie de disciplina, subjugar ou controlar o bruto, o ignóbil que está em nós. Mas esse bruto, essa coisa ignóbil, é suscetível de controle mediante disciplina? (Solução para os nossos Conflitos, pág. 81)
 
Que entendemos por disciplina? (…) Um padrão de conduta que, se praticado com diligência, aplicação e muito ardor, me dará, no fim, aquilo que desejo. Poderá ser penoso, mas estou decidido a segui-lo. Isto é, o “eu”, essa entidade agressiva, interesseira, hipócrita, cheia de ansiedades e temores; esse “eu”, que é a causa do bruto que em nós existe, nós o desejamos transformar, subjugar, destruir. (Idem, pág. 81)

E como se consegue isso? Conseguir-se-á pela disciplina, ou pela compreensão inteligente do passado do “eu”, da identidade do “eu”? (…) Isto é, devemos destruir o bruto (…) pela compulsão, ou pela inteligência? E a inteligência se consegue pela disciplina? (…) (Solução para os nossos Conflitos, pág. 81-82)

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Outros sim (…) O temor está no fundo de nosso desejo de ser disciplinados, mas o desconhecido não pode ser colhido na rede da disciplina. Pelo contrário, o desconhecido necessita de liberdade e não do padrão da vossa mente. Essa a razão por que é essencial a tranqüilidade da mente. Quando a mente está cônscia de estar tranqüila, já não está tranqüila; (…) (Solução para os nossos Conflitos, pág. 88)

(…) Pode o que é real ser percebido através da disciplina ou da vontade? Isto é, pela compulsão, pelo esforço do intelecto, curvando, controlando, disciplinando, guiando, forçando o pensamento em uma direção particular, podeis conhecer-vos? E podeis conhecer-vos por meio de padrões de conduta, torcendo o vosso pensamento e o vosso sentimento aos seus ditames (…)? (Palestras em Ommen, Holanda, 1937-1938, pág. 77)

Há, então, o outro estado, que é espontâneo. Podeis conhecer-vos somente quando estiverdes despreocupados, quando não estiverdes calculando, nem protegendo, nem constantemente observando para guiar, para transformar, para subjugar, para controlar; quando vos virdes inesperadamente, isto é, quando a mente não tiver preconcepções com relação a si mesma, quando estiver aberta, não preparada para defrontar o desconhecido. (Idem, pág. 78)

Assim, a espontaneidade só pode surgir quando o intelecto não se está defendendo, (…) protegendo, quando já não teme por si; e isso só pode suceder partindo do interior. Isto é, o espontâneo deve ser o novo, o desconhecido, o incalculável, o criativo. (…) Observai os vossos próprios estados emocionais e vereis que os momentos de grande alegria, de grande êxtase, não são premeditados; eles acontecem, misteriosa, obscura, desconhecidamente. (…) (Idem, pág. 79)

A humildade, pois, não é uma coisa que se deve alcançar com esforço. Alcançá-la-eis naturalmente, facilmente, “graciosamente”, uma vez percebido como um processo total esse movimento do exterior e do interior. Então começareis a aprender. Aprender é o estado da mente que jamais acumula experiência como memória. (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 213)

E vereis que da humildade provém a disciplina. Em maioria, não somos disciplinados. Submetemo-nos, ajustamo-nos, reprimimos, sublimamos. (…) Submissão não é disciplina e, sim, meramente, um produto do medo; por conseguinte, torna a mente estreita, estúpida, embotada. (Idem, pág. 213)

Refiro-me a uma disciplina que se torna existente espontaneamente, quando há esse extraordinário senso de humildade, e a mente, por conseguinte, se acha num “estado de aprender”. Não é então necessário impor à mente nenhuma disciplina, porquanto o “estado de aprender” é, em si mesmo, disciplina. (O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 213)

Espero estar explicando isso bem claramente. Refiro-me a uma disciplina completamente diferente, uma disciplina que nasce espontaneamente, quando se compreende esse extraordinário processo da vida, não em fragmentos, mas como um todo indiviso. Quando compreendeis a vós mesmo, não “especializado” como músico, artista, orador, iogue, etc., mas como ser humano total, então há um “estado de aprender”, e esse mesmo “estado de aprender” é disciplina na qual não há ajustamento, imitação. A mente não está sendo moldada de acordo com nenhum padrão e, portanto, é livre, e nessa liberdade há um espontâneo senso de disciplina. (Idem, pág. 213-214)

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(…) Podemos viver mil vidas, praticando a autodisciplina, sacrificando, subjugando, meditando, mas por esse meio nunca seremos levados ao direto percebimento, o qual só é realizável em plena liberdade, e não por meio de controle, de subjugação, de disciplinas; e só pode aparecer a liberdade quando a mente se torna cônscia, de pronto, de seu condicionamento, pois então se verifica a cessação desse condicionamento. (Da Solidão à Plenitude Humana, pág. 10)

Quase todos nós desejamos encontrar uma pessoa autorizada que nos ensine o que devemos fazer. (…) Ora, pode-se chegar a Deus - essa entidade suprema, inefável, indefinível - (…) pela disciplina, pela observância de um padrão de ação? Queremos alcançar determinado alvo pela disciplina, reprimindo, sublimando ou substituindo (…) (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 155-156)
 
Que implica a disciplina? Por que nos disciplinamos (…)? Podem coexistir a disciplina e a inteligência? A maioria das pessoas crê que podemos, por meio de certa disciplina, subjugar ou controlar o bruto que em nós reside. Esse bruto, (…) monstro, pode ser controlado pela disciplina? O “eu”, entidade agressiva, egoísta, hipócrita, inquieta, medrosa (…), esse “eu”, que gerou o bruto em nós, queremos transformá-lo, subjugá-lo, destruí-lo. (Idem, pág. 156)

Como consegui-lo? Pode-se conseguir isso por meio de disciplina, ou só pela compreensão inteligente do passado do “eu”, da natureza do “eu”, sua origem, etc.? Será destruído o bruto que existe no homem pela compulsão, ou só pela inteligência? Inteligência é questão de disciplina? (…) (Idem, pág. 156)

Antes de tudo, deve a mente estar tranqüila, (…) não perturbada, para que possa compreender qualquer coisa, principalmente aquilo que não conheço, (…) que minha mente é incapaz de descobrir, ou seja (…) Deus. (…) Pode essa tranqüilidade profunda ser atingida por meio de qualquer forma de compulsão? (…) A resistência, pois, não é o caminho. (A Primeira e Última Liberdade, 1ª ed., pág. 157)

O primeiro requisito, não como disciplina, é evidentemente a liberdade; só a virtude pode dar essa liberdade. Avidez é confusão; cólera é confusão; malevolência é confusão. Ao perceberdes isso, estais livre dessas coisas; não mais lhes resistis, porque vem a compreensão de que só em liberdade podeis descobrir, e que toda forma de compulsão não é liberdade, não permite descobrimento. (Idem, pág. 158)

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A palavra “disciplina” significa aprender de um homem que sabe; supõe-se que vós não sabeis e tendes de aprender dele. É isso o que implica a palavra “disciplina”. Mas, aqui, não a vamos empregar com o sentido de aprender de outrem, mas, sim, com o significado de observar a si próprio. A observação de si próprio exige uma disciplina em que não haja repressão, imitação, obediência ou, sequer, ajustamento; (…) O próprio ato de aprender é, em si, disciplina, já que requer muita atenção, grande energia e “intensidade” e instantaneidade de ação. (Fora da Violência, pág. 21)

As atitudes cultivadas da moça, e aquelas disciplinadas do asceta chamado religioso, são, igualmente, resultados deformados de uma mente vulgar, pois ambos repelem a natural espontaneidade. Temem-na, um e outro, porque a espontaneidade os revela, a si próprios e a outros, tais como são; ambos estão diligenciando destruí-la, e a medida do seu sucesso é o completo ajustamento ao padrão. (…) A espontaneidade é a única chave que abre a porta do que é. (Comentários sobre o Viver, 1ª ed., pág. 132)

A reação espontânea revela a mente tal como é; mas o que se revela é imediatamente adornado ou destruído, e, com isso, se põe fim à espontaneidade. A destruição da espontaneidade é própria da mente vulgar. Só na espontaneidade, na liberdade, pode haver descobrimento. A mente disciplinada não pode descobrir; poderá funcionar com muita eficiência (…); não pode, porém, desvelar o insondável. É o medo que cria a resistência, chamada disciplina; mas o espontâneo descobrimento do temor é libertação do temor. Ajustar-se a um padrão é medo, e este só pode gerar conflito, confusão e antagonismo. (Idem, pág. 132)

Sem espontaneidade não pode haver autoconhecimento; e sem autoconhecimento a mente é moldada por influências passageiras. (…) O que se junta peça por peça pode ser desfeito, e o que não foi ajuntado só pode ser descoberto pelo autoconhecimento. O “eu” é uma coisa que foi ajuntada, e, só quando se desmancha o “eu”, pode aquilo que não é resultado de influência, que não tem causa ser conhecido. (Idem, pág. 132-133)

“Parece uma coisa interminável, essa constante análise, introspecção, vigilância. Tudo já tentei: gurus de caras raspadas, gurus barbados, sistemas de meditação - o “repertório” que bem conheceis. No fim de tudo, a gente fica de boca seca e oco por dentro.”
Por que não começar pelo outro lado, o lado que desconheceis - a outra margem que não podeis enxergar desta margem? Começai com o desconhecido, em lugar do conhecido, pois o constante exame e análise só têm o efeito de condicionar mais ainda o conhecido. Se vossa mente viver com suas raízes no outro lado, todos os vossos problemas deixarão de existir. (A Outra Margem do Caminho, pág. 124)

“Mas, como posso começar do outro lado? Eu o desconheço, não posso vê-lo.”
Essa pergunta - como posso começar do outro lado? - tem sua base neste lado. Portanto, não a façais, e parti do outro lado, que desconheceis completamente, de uma outra dimensão que pensamento, malgrado sua sagacidade, é incapaz de apreender. (A Outra Margem do Caminho, pág. 124)

“Não vejo como posso começar daquele lado. Em verdade, não compreendo essa vaga asserção. Eu só posso me dirigir a um lugar que conheça.”
Mas, que é que conheceis? Só conheceis uma coisa já terminada, acabada. Só conheceis o ontem, e nós estamos dizendo: parti daquilo que desconheceis, vivei com vossas bases lá. (…) Mas, se viveres com o desconhecido, estareis vivendo em liberdade, agindo com base na liberdade, e isso, afinal, significa amor. Se disserdes: Eu sei o que é o amor” - nesse caso não sabeis o que é ele. (…) Já que não é isso, vivei então com aquilo que desconheceis. (A Outra Margem do Caminho, pág. 125)

“Não sei o que é isso de que estais falando. (…)”
Estou fazendo uma pergunta muito simples. Estou dizendo que, quanto mais se cava, mais há para cavar. Esse mesmo ato de cavar é condicionamento, e cada porção que se retira com a pá forma um degrau - degraus que não levam a parte alguma. Quereis que outros façam para vós os degraus, ou quereis vós mesmo fazer os degraus que vos levarão a uma dimensão de todo diferente? (…) Portanto, abandonai tudo e parti do outro lado. Mantende silêncio, e o descobrireis. (A Outra Margem do Caminho, pág. 125)
Desejo explicar hoje que há um modo de viver naturalmente, espontaneamente, sem a constante fricção da autodisciplina, do ajustamento. Quando viveis completamente na harmonia de vossa mente e coração, então o vosso agir é natural, espontâneo, sem esforço. (Palestras na Itália e Noruega, 1933, pág. 130)

(…) Ninguém pode, de modo algum, forçar a espontaneidade. Nenhum método vos dará a espontaneidade. (…) Nenhuma disciplina produz a alegria espontânea do desconhecido. Quanto mais vos esforçardes para ser espontâneo, tanto mais a espontaneidade se afasta e se torna oculta e obscura. (…) Tendes de vos aproximar dela negativamente, não com a intenção de capturar o desconhecido, o real. (Palestras em Ommen, Holanda, 1937-1938, pág. 81)

Se não tiverdes simpatia nem afeição, jamais podereis alcançar ou identificar-vos com a meta. A mente que está contente e satisfeita nunca adquirirá simpatia, nem tampouco dará entendimento a outrem. Tenho observado pessoas que desejam muito ajudar a outrem, mas não sabem como fazê-lo. São incapazes de se colocar no lugar de outrem, e assim perceber seu ponto de vista. (Vida em Liberdade, em “Carta de Notícias” da ICK nº 1 a 6, de 1945, II, pág. 15)

 

15 de jun. de 2012

Os Quatro Elementos

Os antigos filósofos gregos viram o mundo em termos de quatro elementos: fogo, água, ar e terra. A descoberta dos quatro elementos é geralmente creditada ao filósofo Empédocles. A palavra que Empédocles originalmente usou para descrever estes elementos foi Rhizai, significando “raízes”. Os quatro elementos foram, em outras palavras, a fonte de fogo, água, ar e terra. Esses elementos não são as coisas literais em si mesmas, mas as expressões poéticas de suas qualidades ideais. Quase tudo pode ser classificado pela sua natureza em relação a esses quatro elementos. A mente humana não foi exceção. O elemento terra foi visto como as necessidades animais da mente humana, o elemento água como as emoções, o elemento ar como o intelecto e o elemento fogo como vontade. 

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Yod, He, Vav, He (Nome de Deus - 4 Elementos)

É pelo equilíbrio dos elementos dentro de si mesmo que você obtém uma percepção do quinto elemento, o espírito, que os mantém juntos e os equilibra em uma harmonia universal. 

Cabalisticamente, Deus é representado pelas letras hebraicas Yod-Heh-Vav-Heh ou o tetragrama YHVH que simbolizam os 4 elementos e toda a Àrvore da Vida. Estas letras são dispostas em um quadrado ou uma cruz. O alfabeto hebraico não possui vogais e o nome de Deus precisava ser passado apenas oralmente de Iniciado para Iniciado. Quando surgia nos textos, os sacerdotes precisavam oculta-lo e usavam outras palavras para designá-lo. Eis o verdadeiro significado do mandamento “Não tomarás o nome de Deus em vão”.  (MDD)

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv72hWF5-GmJCFTULmk4iHt0O3GqVOD2wKJc-A1dqDBIobB77cB8XG7AMa2TNU3QnXmsW9NPUvAM6T8ldg6_v66CROKsoga1Jfh2anu_tdWu94csnrVKVI1889X2jarh24ukr32rT_fWc/s1600/apple+granny+smith.jpgCada um desses elementos corresponde com uma maneira distinta na qual uma pessoa pode ver o mundo. A primeira forma de olhar o mundo relaciona-se com o elemento terra. Nós iremos chamá-la de perceber. Todas aquelas coisas que você percebe e que são vistas com os olhos e outros órgãos dos sentidos físicos. Essa informação parece a mais confiável que você tem, porque parece vir automaticamente. É por isso que é tão insidiosa. É de longe a fonte menos confiável de informação, porque normalmente é uma ferramenta que seu ego e suas ansiedades usam para convencê-lo que você vê alguma coisa totalmente diferente. Por exemplo, se você vê um cachorro e está com medo de cachorros, aquele cachorro vai parecer uma ameaça, não importando o quão agradável o cachorro é. Ela é também uma parte natural de nossa neurologia para editar grandes partes de nossa experiência. Nós tendemos ver somente aquelas coisas que correspondem com as nossas presentes necessidades. E mais, nós tendemos classificar coisas instantaneamente sem as olharmos individualmente. Quando nós vemos uma maçã Granny Smith, nós tendemos simplesmente a notar que é uma “maçã Granny Smith” e deixamos de ver a maçã como ela é. Nós temos uma projeção pré-formada de como são as maçãs Granny Smith, e apenas vemos essa projeção, a menos que haja algo que realmente distingue a maça em particular. É por isso que às vezes lemos errado títulos de livros, DVDs ou similares quando olhamos para eles só por um segundo. Nossas mentes estão colocando projeções com base na experiência ou algum desejo de comunicar algo inconsciente para nós. Perceber é, em grande parte, nossas opiniões sendo projetadas para fora ao invés de adquirir uma nova entrada de muita coisa.

O segundo modo de olhar o mundo é chamado entendimento e está relacionado ao elemento água. Entendimento é baseado em suas emoções. Este modo de olhar o mundo é falho porque está fortemente atado aos seus sentimentos sobre si mesmo, mas ele é freqüentemente usado para fazer julgamentos sobre outros. Em outras palavras, você imagina como você reagiria no lugar da outra pessoa e acredita que esse é o modo que a outra pessoa está realmente reagindo. Isso também é uma projeção e ela causa muitos problemas. Suas emoções são o resultado de experiências na extensão de toda a sua vida e algum aspecto delas podem ter sido desenvolvidos de forma muito destrutiva. Por exemplo, um adulto que foi abusado fisicamente quando criança por alguém que ele amava pode estremecer de ansiedade quando alguma pessoa o toca com amor. Seu entendimento é freqüentemente manipulado pelos seus próprios medos, que acaba por te ferir ou escravizar.

Pensamento é o terceiro modo de olhar o mundo e ele está relacionado com o elemento ar. Esta é realmente a casa do ego. O ego apenas se manifesta nos pensamentos. No silêncio não há ego. Nós podemos dizer que o ego é realmente aqueles pensamentos que nós estamos atualmente atribuindo importância. O Pensamento é uma ferramenta e um guardião para nós. É o modo que nós colocamos o mundo dentro de um sistema coerente de experiências. Infelizmente, muitos de nós somos escravos de nossos processos de pensamentos. Nós nos permitimos refletir sobre alguns pensamentos, enquanto desaprovamos outros. Um dos problemas é que freqüentemente acreditamos que estamos pensando quando na verdade estamos reagindo a alguma coisa que veio de um dos outros modos de ver o mundo. 

O quarto modo de olhar o mundo é chamado conhecimento e ele está relacionado ao elemento fogo. Aquelas coisas que você sabe que são pelo fato de que são simplesmente assim. Você não pensa sobre elas. Elas são fatos. Como dois mais dois são quatro. A água molha. Deus é bom. Cachorros latem. O problema desse modo de ver o mundo é que está sempre misturado com conceitos morais. Quando você sabe que alguma coisa é “verdadeira” ela necessita da idéia de que alguma coisa também é “falsa”. Este modo te força a perceber as coisas em termos de valores e esses valores são, em grande parte, relativos ao invés de absolutos. Isso cria a massa de confusão na qual todas as filosofias morais são construídas. Bem e mal entram nessa forma de olhar o mundo e normalmente o que parece um fato é na verdade um julgamento, que não tem nada a ver com fato e tudo a ver com medos, ansiedades e tabus sociais. 

Estes quatro modos de olhar o mundo interagem entre si para criar o pânico moderado no qual a maioria das pessoas reside. Cada um desses modos de olhar o mundo e seus elementos relacionados corresponde a um específico tipo de medo. Os medos relacionados ao antigo elemento terra e a percepção física são ansiedades sobre dinheiro, saúde e qualquer coisa que tem a ver com o corpo e o bem-estar físico. Muitas vezes o doente vai sentir todos os tipos de males do corpo, como ossos doloridos, dores de cabeça e fadiga geral. Os medos relacionados à água e entendimento são aquelas coisas que os outros pensam sobre você, medos a respeito de amor e relacionamentos, e sentimentos de solidão. Aqueles do ar e pensamento incluem medos de que você não é inteligente o suficiente, que suas decisões são incorretas, ou que você está louco. Eles geralmente se manifestam como uma incapacidade de fazer conclusões, ou se manter preso em desconfianças. Os medos relacionados ao elemento fogo e conhecimento são freqüentemente religiosos ou filosóficos, mas pode incluir qualquer coisa a ver com culpa, um senso de que você está fazendo alguma coisa moralmente errada, ou que alguém pode também estar fazendo alguma coisa errada. 
Felizmente, os antigos também perceberam um quinto elemento ao qual eles chamaram “espírito”. Este elemento governa os outros e os mantém em ordem. 

http://www.headcoverings-by-devorah.com/images3/GoldShinGoldTaupeEmbosedFramedArt.jpgHá também um quinto modo de olhar o mundo. Ele é chamado Iluminação. É somente pela iluminação que nós realmente podemos ter a experiência direta do universo e nós podemos realizar isto no silêncio produzido pelo quinto elemento. Ele é o verdadeiro caminho de apreender a realidade, porque quando ganhamos o controle sobre a nossa personalidade elemental, nós podemos ver além de nossos medos e ansiedades. Esse modo está disponível para todos, mas, infelizmente, é aproveitado só por alguns.



 
A letra SHIN representa o espírito purificador. O fogo celestial que remove o Impuro (Ela representa o Arcano do Julgamento no tarot). Da evolução do quatro vem o número cinco, o pentagrama sagrado dos Pitagóricos, representado pela união dos 4 elementos mais o espírito (SHIN). Note que são os MESMOS elementos utilizados na bruxaria, no xamanismo, nas Ordens Egípcias, na wicca e na magia celta. O pentagrama será, então, representado pelas letras Yod-Heh-Shin-Vav-Heh, ou YHSVH ou Yeshua. Este título já havia sido usado por Rama, Krishna, Hermes, Orfeu, Buda e outros líderes iluminados do passado. (MDD)

 No altamente iluminado livro de Robert Anton Wilson - Prometheus Rising, ele compara os quatro elementos aos primeiros quatro circuitos do modelo de oito circuitos da consciência de Timothy Leary. O primeiro dos quatro circuitos compreende como Circuito I, Bio-Sobrevivência, que é o programa do corpo de buscar as coisas que são agradáveis e evitar aquelas que são desagradáveis, este se relaciona com Terra, às necessidades animais primitivas. O Circuito II é o circuito Emocional-Territorial e as regras de hierarquia do bloco, o nosso status na tribo. Ele é relacionado à Água. O circuito III é o circuito do tempo de ligação Semântica. É o primeiro circuito exclusivamente humano e descreve a necessidade humana de descrever as coisas em palavras e com pensamentos. Ele está relacionado ao Ar. O Circuito IV é o circuito Sócio-sexual. Ele governa a vida moral dos humanos e está relacionado ao elemento fogo. Como você pode ver esses circuitos correspondem exatamente com as descrições anteriores. Além desses quatro circuitos há
um quinto, chamado de Circuito Holístico Neurossomático. Descrevendo os efeitos deste circuito sobre as ansiedades dos outros elementos ou circuitos, Wilson escreveu, “O quinto circuito da consciência neurossomática alveja todos esses problemas de uma só vez”. 

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Yod-Heh-Shin-Vav-Heh (Yeshua)
Eu acredito que os quarto elementos e as desvantagens psicológicas que eles criam são o segredo real por trás dos “quatro príncipes” das "Trevas" (Inconsciente). Esses quatro príncipes não são nada mais que os demônios medievais Satan, Lúcifer, Belial e Leviatã. Cada um desses príncipes corresponde com um dos antigos Rhizai, ou elementos raízes e é a personificação do medo que estes elementos representam. Cada um desses quatro antigos elementos tem um potencial psicológico positivo também. O elemento terra pode permitir destreza mecânica e o prazer da afeição física. Água pode fornecer intuição. Ar pode fornecer lógica e a habilidade de resolver problemas. Fogo pode produzir a habilidade de tomar decisões e as realizar. Mesmo se você já tiver essas coisas em um grau ou outro, elas são um pouco reprimidas pela dúvida e ansiedade. Uma vez que obteve o Conhecimento do quinto elemento, você terá a habilidade de ser o mestre de todos esses elementos e será o começo da verdadeira capacidade criadora.


O Ego

Seu ego é essencialmente uma conglomeração pessoal de todas as formas de medo e percepção discutidas na seção anterior sobre os elementos. Todas as coisas que parecem muito importante para você – seus gostos, antipatias, ansiedades, crenças religiosas – são realmente apenas várias formas de medo que não estão baseados na realidade. Você não escolheu estes medos, crenças e valores, mas pode não estar pronto para encará-los ainda.

Toda sua personalidade foi criada por seus pais, ambiente e amigos enquanto você crescia. Sua parte ao criá-la foi provavelmente mínima e reacionária. Minhas desculpas vão para qualquer um – que cresceu sozinho numa ilha deserta – isso não se aplica a você. Para todos os outros, o mundo como você vê não é o que parece. Você só vê as projeções e crenças que você tem sido ensinado a experimentar. 

Cada um de nós vive dentro de uma bolha. Essa bolha existe quase desde o nascimento. Você vive dentro dela e o que você testemunha sobre as suas paredes redondas é o reflexo de seus próprios pensamentos e medos. Ela pode parecer ser um mundo que você está vendo, mas ele é apenas o seu mundo. Tudo o que você pode ver é uma descrição do mundo como você o descreve e como os outros têm te ensinado a descrevê-lo. Fora desta bolha está a verdade e somente quando você a arrebenta é que pode ver a totalidade do universo.

Seus medos não são nada mais que as paredes imaginárias desta bolha que você tem construído entre você e o universo. Ela é um muro que você criou e te faz acreditar que você está separado do universo. È feita de todas as coisas que você tem feito e que não quer que o universo saiba a respeito, todas as coisas secretas que você decidiu que estavam erradas ou que eram muito embaraçosas para compartilhar. Este montante de sua vida inteira. Tudo isso é medo. O muro de sua bolha é seu ego. E verdadeiramente, seu ego é apenas medo. Uma vez que você liberou este medo, você perceberá que não há separação entre você e o universo e que você é um pedaço perfeito no quebra-cabeça da criação. Antes de você fazer um simples passo para o caminho da iluminação, você deve checar seu ego. O ego é altamente instável e se você não tem uma conexão consciente com seu quinto elemento, o ego tende a governar em seu lugar. O ego é vulnerável aos elogios, ataques, ridicularização, inveja. O quinto elemento ou Eu Superior Divino (Sagrado Anjo Gruardião) não tem essas fraquezas.
 
Quanto mais você perseguir suas práticas espirituais, mais o seu ego vai reclamar, objetar, invocar a preguiça e geralmente tenta te desviar te afastando de seu curso. O seu ego pode enganar você fazendo-o acreditar que ele é seu quinto elemento (Espírito), o que pode trazer ilusão (ou pelo menos estigmatizá-lo como insuportavelmente justo). Isso acontece porque o reino do seu ego poderá desaparecer quando você perceber sua conexão com o Espírito. "O juramento que você fez no início de sua operação é a chave para superar esse problema. O juramento é uma armadilha para o ego. Quebrar um juramento danificará o ego, então ele tentará mantê-lo, embora talvez só em palavra. Ele certamente não quer destruir a si mesmo. No entanto, se o juramento é inflexível, sem conter nenhuma lacuna, você pode estar certo de que o ego eventualmente ruirá" . Ver o post AMOR É A LEI .

Você pode notar que eu trato o ego como um ser separado, quase como um parasita. Se você olhar cuidadosamente para a situação, descobrirá que seu ego não é você ao todo. A verdade é que seu ego é apenas um conjunto de condições culturais as quais você se acostumou. Ele não é nada. Quando você fica chateado e defensivo com alguém que te ofendeu, você não está defendendo nada. A parte de você que vale a pena defender está totalmente fora de ataque. Aquele “você” na realidade é muito mais que a massa de superstições e crenças através da qual a maioria das pessoas se define. 

O primeiro passo para quebrar o muro do ego é perceber que você está desqualificado para julgar as condições do universo. A questão, “Por que as coisas ruins acontecem com as pessoas boas?” é uma investigação infrutífera. Nenhum humano é singularmente qualificado para julgar o que é uma coisa ruim, ou o que é uma pessoa boa. É arrogante pensar de outra maneira. As coisas simplesmente são e as julgar por motivos morais é o primeiro erro do chamado “homem justo”, esse tipo de pensamento é a pior maneira de gastar sua energia. Quando você vê alguém se comportando mal, algo que incomoda você, alguém que você odeia, ou algo que te leva à loucura, é preciso perceber que todas essas coisas que te incomodam e esgotam sua energia só o fazem por causa da maneira como você se decidiu identificá-las. Seu inimigo é apenas seu inimigo porque você tem feito dele/dela seu inimigo. A mesquinharia e atos maus dos outros parecem mesquinho e mau porque sua mente permitiu os conceitos de mesquinho e mau para aprisioná-los. 

Na verdade, as ações dos outros são meramente ações. As causas e efeitos (bondade e maldade) daquelas ações estão além de sua habilidade consciente para saber. Os comportamentos e ações corretos e incorretos dos outros (incluindo todo o universo) pode ser apenas um julgamento mal construído da sua parte. Preocupar-se e se lamentar sobre os outros é uma perda do pouco tempo que você tem na Terra. Você não os mudará – você só pode mudar a si mesmo. Pela mudança, você pode então descobrir que aquilo que uma vez pareceu um incompreensível ato mal é realmente uma parte necessária e essencial do plano universal. Quando você se torna imparcial em relação ao mundo, esquecendo-se das coisas que você acredita ser o mal, os males e os inimigos de sua vida desaparecem como os fantasmas que eles são. Além do mais você é rejuvenescido. Sem gastar sua energia com queixas ilusórias, raiva e ódio, um novo mundo de beleza e poder se abre diante de você.  

Você é responsável por suas ações e não dos outros, e se preocupar com a vida de outra pessoa o deixa sujeito aos avanços de milhares de demônios inúteis e fantasmas do ódio e da ilusão. 
Você é uma força da natureza, uma estrela auto-iluminada tão brilhante e potente como o Sol, mas só quando você se mover tão facilmente como o Sol poderá conhecer sua própria maravilha.

J. A. Newcomb



1 de jun. de 2012

Uma criança é um Buda que não sabe que é um Buda.


Todas as respostas para as suas perguntas, repousam no Silêncio que você é. No momento em que você começa a ter o vislumbre disso, nota que as perguntas não têm relevância para quem você é. É por isso que Sosan disse: "Nem amanhã, nem ontem, nem hoje!” Porque "hoje" ainda é uma descrição baseada num referencial.

Já falamos disso, mas talvez eu precise repetir: agora não é o hoje. Agora não é tempo. Agora é este momento – eu vou chamar de momento sabendo que não é momento, mas eu chamo porque a linguagem não oferece uma outra maneira de dizer. Agora esse momento onde não existe descrição possível, onde não existe distinção entre isso ou aquilo.

O hoje é acessível à mente. O agora não é. No agora não há mente, nem ego, nem você, nem nada. Isso é o Silêncio. Ver em totalidade, não é possível para a mente, muito embora ela pergunte a respeito de como viver "no agora" para sempre, quero que note que o Silêncio sabe que não precisa fazer nada para viver o agora, porque ele está sempre no agora. Mesmo que você faça uma caminhada no mundo da mente, inevitavelmente, é bom notar, o quanto o Silêncio não é afetado pelas trapaças, pelas paranóias, pelas armadilhas que a mente propõe. Então, de verdade, o que estou tentando dizer é que você, o Silêncio, não se afeta com a mente.

Não há nada que a mente possa fazer para criar um problema para o Silêncio. Os obstáculos surgem apenas quando você se identifica com algo que não é você. No momento em que se desidentifica, nenhum problema existe. Você está livre para Ser. Você se mistura à todas as coisas, sem nenhuma condenação. Você se torna uma criança novamente.

Uma criança é um Buda que não sabe que é um Buda. E um Buda é uma criança que sabe que é um Buda. Ser criança, aqui, nessa sessão poética, é não ter passado. A inocência não tem passado. E não tem futuro. Você já viu criança preocupada com o futuro? Observe! É exatamente aí que repousa o frescor de ser quem você verdadeiramente é.

Satyaprem

 

 


 

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