13 de fev. de 2012

A Interpretação Psicológica do Kundalini Yoga - C. G. Jung (Parte 2)

A Interpretação Psicológica do Kundalini Yoga - C. G. Jung (Part 1)

Continuação:

YOGA 


O Yoga vem se tornando cada vez mais popular no Ocidente. Ao mesmo tempo em que essa popularização permite à nossa sociedade entrar em contato com uma prática milenar, que durante muito tempo foi mantida em círculos fechados de eruditos, também leva a distorções e interpretações equivocadas, já que se dissemina em uma cultura completamente diferente.

Assim, definir o Yoga não é uma tarefa fácil, a começar por sua origem: além de muitos textos terem sido perdidos ou destruídos, no passado esse conhecimento era transmitido oralmente na tradição Parampará [Parampará é a cadeia de transmissão de poder e conhecimento do mestre para o discípulo (Feuerstein, 1997).].

Talvez o Yoga esteja ligado ao início da própria sociedade como a conhecemos hoje. “O Yoga nasce a partir da compreensão das manifestações externas da natureza e suas influências subjetivas sobre a consciência humana” (Kupfer, 2001, p.12). 

O Homem, desde o desenvolvimento da consciência, tinha sede em conhecer-se, e suas dúvidas e questionamentos levaram alguns a uma investigação quase (e para muitos) exaustiva a respeito de questões ontogênicas: quem ou o que sou? Muitos se retiravam nas florestas, cavernas e outros lugares isolados para vivenciarem um mergulho em algo “mais profundo”, procurando experimentar, na prática, estados de consciência superior. Tais experiências a respeito do Ser lhes serviam de base para a construção de todo um conhecimento filosófico/teórico que pudesse ser transmitido. Assim, primeiramente, surge o Yoga como algo essencialmente prático, adquirido pela experimentação, e depois surge sua base filosófica (Kupfer, 2001). Nela, o discípulo memorizava grande quantidade de versos que lhe eram passados por seu mestre, e assim sucessivamente, sem qualquer alteração, para manter preservados e intactos seus conhecimentos.

As mais antigas evidências históricas do Yoga associam-no ao ritualismo dos povos pertencentes a uma civilização denominada Indo-Sarasvati, que habitava cidades ao longo dos rios Indo e Sarasvati (Feuerstein, 1997) [ Georg Feuerstein, Ph.D., é doutor em História da Religião e desenvolve estudos sobre o Yoga. É fundador e diretor do Yoga Research Center e editor do boletim bimestral Yoga World. Membro do conselho diretor da Healing Buddha Foundation, na Califórnia, e colaborador dos periódicos Yoga Journal, Inner Directions e Intuition. Dr. Feuerstein já publicou vários livros, entre os quais, A tradição do yoga, The Shambhala Encyclopedia of Yoga, The Shambhala Guide to Yoga, Teachings of Yoga e Yoga and Health.]. Importantes registros desta civilização foram descobertos em escavações do século passado, em duas principais cidades, hoje no atual Paquistão: Mohenjo Dharo e Harappa, que se revelaram muito avançadas para seu tempo. Estima-se que viviam, somente em Mohenjo Dharo, mais de 200 mil pessoas. As cidades eram organizadas, havia sistema de esgoto, ruas definidas e outros indícios de planejamento urbano. Foi esse povo que deixou um legado, não só para a Índia, mas para a humanidade: os Vedas (Feuerstein, 1997). 

Os Vedas, que em Sânscrito significa conhecimento, são livros sagrados da espiritualidade indiana, considerados os mais antigos do mundo. Foram escritos por volta de 3500 a.C., mas sua composição parece ser ainda mais antiga devido à perpetuação do conhecimento via tradição oral, estimando-se 6500 anos a.C. Nesses textos o Yoga já era citado, mas não da forma como o conhecemos hoje. O Yoga Védico era ritualístico e envolvia ascese, concentração mental, cânticos, adoração e controle da respiração (Feuerstein, 1998).

Em essência, os Vedas acreditam que por trás de toda manifestação, só existe um Ser, Brahman. Tal idéia é mais bem desenvolvida nas Upanishads, outros textos sagrados que vieram depois dos Vedas, nos quais as diferentes realidades são emanações de uma realidade singular e transcendente, Brahman.

Segundo Ravindra (2000, p.5):
Brahman é o absoluto, supremo, impessoal, infinito, eterno. A fonte pré-cósmica da divindade, a causa de todas as causas, sem começo e sem fim, do qual tudo emana e ao qual tudo retorna. Ele não se manifesta, mas está presente no maior corpo celestial e, também, na indivisível partícula, em tudo que é animado e não animado. Ele é a razão da consciência e da substância.

Então, Brahman é a essência não só de todo o universo como também do manifesto e do imanifesto. Segundo os textos hindus, não existe um conceito de começo ou fim do universo, o mesmo seguiria um processo contínuo de expansão e retração; quando o ciclo tem início o universo começa a existir, expandindo-se, ao final desta expansão se dá uma retração até a dissolução novamente no todo. “Antes da criação do universo só existia Brahman em sua forma não manifesta, nem espaço, nem tempo, nem sóis nem planetas. Por vontade própria ele se manifestou, e sua energia operativa entrou em ação, começando o ciclo de expansão” (Ravindra, 2000, p.10).

A personalidade humana denominada atman também é uma manifestação de Brahman; no entanto, presa ao corpo (matéria), atman se confunde, através de maya (ilusão), com uma consciência inferior condicionada e distorcida, impossibilitando a realização em Brahman. A ilusão, maya, é causa de sofrimento na medida em que confunde os estados psicomentais (consciência inferior) com o Si Mesmo Transcendente. Com isto, a consciência inferior se identifica com o corpo e suas dores, com a mente e suas aflições (duhkha, sofrimento em qualquer nível), enquanto o estado de transcendência, quando se retorna a Brahman, é representado por Sat, Cit, Ananda (existência plena, consciência transcendente e bem aventurança) (Eliade, 1998). Si Mesmo Transcendente, ou Purusha na tradição Samkhya ou atman na tradição vedântica é o âmago do próprio ser. É a identidade autêntica de cada um, separada de todos os papéis, imortal e imutável. É considerada supra-sensorial, consciência pura.

Em todas as tradições hindus, a realização do Si Mesmo Transcendente é o mais nobre e valioso objeto da aspiração humana. Para Feuerstein, o Si Mesmo Transcendente é diferente da noção de Self de Jung, que corresponderia mais a um chamado “controlador interior”, sendo um dos aspectos do Si Mesmo Transcendente (Feuerstein,1997). No entanto, entendo que Jung não faz esta distinção, usando a terminologia Self, Si Mesmo, como equivalente ao Si Mesmo Transcendente, Purusha e Atman do Yoga, dessa forma, também usarei esses termos como equivalentes no transcorrer do texto.

As linhas do Yoga podem receber influências de duas correntes filosóficas distintas; o Samkhya (que traz os conceitos de Purusha e de Prakrti) e o Vedanta (que traz os conceitos de Brahman e atman). Penso que Jung misturou essas duas filosofias em seu texto. O âmago desses conceitos, quando misturados, poderia causar confusão naqueles versados no Yoga, mas os termos usados por Jung são compreensíveis dentro do contexto da Psicologia Analítica.

Em uma entrevista com Serrano, Jung deixa clara sua correlação do Si Mesmo com Purusha ou atman (Serrano, 1970, p. 67):

“... Aquilo que chamo de Si Mesmo é um centro ideal, equidistante do ego e do inconsciente, equivalendo, de certa forma, à expressão máxima e natural de uma individualidade, seu complemento ou complementação, sua totalidade. A natureza anseia por expressar-se esgotando suas possibilidades. O Homem também. O Si Mesmo é essa possibilidade de complementação, de totalidade. Por isso é um centro ideal, uma criação, um sonho da natureza. Os hindus são sábios nesse assunto. O Purusha é o Si Mesmo. Também atman é algo semelhante”.

Mas, se a dissociação entre o todo, Brahman, e a personalidade humana, atman, causa sofrimento, o que fazer para cessar todas as aflições (duhkha)? É para responder a tal pergunta que surge o Yoga.

Yoga vem do Sânscrito, e significa unir, jungir, atrelar, cangar. Sua tradução mais usual é união, ou seja, uma técnica para unir ou religar a consciência inferior à Realidade (Brahman). Portanto, Yoga é tanto um estado, um fim, como um meio, ou uma técnica adequada para se alcançar o mais nobre objetivo da vida humana: a libertação dos condicionamentos e de todo o sofrimento (Taimini, 2004).

Kundalini Yoga

O Yoga surgiu em uma cultura na qual os mestres se isolavam para buscar seu crescimento pessoal através da introspecção. Com a observação de si mesmo, desenvolveram, ao longo dos anos, diferentes técnicas, todas com o objetivo de transformar e elevar estados mais baixos de consciência.

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Como o ser humano, em seus diversos perfis, aprende e apreende a vida de forma distinta, muitas técnicas foram desenvolvidas, havendo mais de 200 escolas de Yoga que se baseiam em sete ramos principais: Raja Yoga, Hatha Yoga, Jnana Yoga, Bhakti Yoga, Karma Yoga, Mantra Yoga e Tantra Yoga. Existem, ainda hoje, definições discordantes sobre o que seria Tantra Yoga, Kundalini Yoga e Laya Yoga; alguns acreditam serem escolas diferentes, ou seja, cada uma delas conteria, em sua prática ou em sua filosofia, algum quesito diferente da outra linha; enquanto outros estudiosos atestam que essas três formas de Yoga seriam, na verdade, o mesmo sistema de pensamento e de prática (Feuerstein, 2003).
Neste trabalho vamos seguir os estudiosos que unificam as três linhas (Tantra Yoga, Kundalini Yoga e Laya Yoga). Para o Tantra Yoga, corpo e mente são considerados unos, sendo o corpo um veículo da mente para se atingir a transcendência. O sistema de trabalho com a kundalini é basicamente tântrico em sua origem; age através da união da psique com a matéria, e da mente com o corpo físico


Conforme Shamdasani (1996, p.xxii): [ Tradução livre ]

O tantrismo foi um movimento religioso e filosófico que se tornou popular a partir do séc. IV, sendo influenciado pela filosofia, ética, arte e literatura indiana. Segundo Agehananda Bharati, o que distingue o tantrismo do hinduismo ou do budismo, é sua ênfase na identidade do absoluto e do fenomenal em suas formas de adoração. Em seus rituais são usados elementos normalmente banidos de outros rituais religiosos tradicionais, tais como o vinho, a carne, o peixe, grãos secos e a relação sexual, pois o Tantra acredita no espiritual e sagrado de todas as coisas. O tantrismo é anti-ascetismo* e anti-especulativo**, rejeita o sistema de castas e celebra o corpo (reconhecido como o microcosmo do universo), representando uma corrente transgressiva ao hinduismo. No Tantra, se reconhece pela primeira vez na história da Índia a importância da deusa e a redescoberta do mistério da mulher***.
* Ascetismo é o movimento no qual a iluminação deve se dar através de uma forma de vida de reclusão dos prazeres do corpo e da matéria.
** Anti-especulativo significa que o Tantra não se propõe a explicar nada, sendo eminentemente prático.
*** O Tantrismo deu legitimidade filosófica ao princípio psicocósmico feminino (chamado shakti), que já era reconhecido havia muito tempo nos cultos locais a divindade feminina (Feuerstien, 1998).
O sistema Tântrico propõe sete centros de energia, com seus respectivos campos de atividade, denominados chakras.

Os chakras estão conectados entre si por canais de energia, as nadis. São eles: Muladhara, Svadhisthana, Manipura, Anahata, Vishuddha e Ajna, e o sétimo centro que transcende a existência corporal, denominado Sahashara, no topo ou acima do topo da cabeça (Feuerstein, 1997). [ Os chakras e as nadis são considerados por autores ocidentais como Feuerstein (1989, p.258): “versões idealizadas de estruturas do corpo sutil, criadas para guiar a visualização do yogue”. ]

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxj2y7gMjpGzWGfVNZ57wMlfaPOL6DJNU3Zk6_8k7x6VU6Hrq9pEFA149e8f0_noLMpbkIuF5nmLoNdaT-qqHt4M7uZJ2JkVvLDFJr0uVVOyWtwmExBkFVAgmcTsDfoVm9KpPydBTbPTJN/s1600/kundalini2.jpgA kundalini é representada na forma de uma serpente que deita adormecida em Muladhara. Feuerstein (1989) a define como uma manifestação no microcosmo (o corpo) da energia primordial do universo, que, através do corpo, se conecta com o corpo-mente finitos. , estrutura que significa canal, conduto, veia ou artéria. Portanto, nadis são qualquer uma das veias ou artérias por onde circula o sangue e/ ou qualquer um dos canais sutis por onde circula a força vital. Afirma-se que há 72.000 nadis, mas três são mais significativas para o Kundalini Yoga: ida (energia da lua, representação do poder feminino, conectada à narina esquerda); pingala (energia do sol, representação do poder masculino, conectada à narina direita) e sushumna (um canal neutro situado empiricamente no centro da medula espinhal, por onde a energia da kundalini pode subir desde a base da coluna, localização empírica do primeiro chakra, até o topo da cabeça, localização empírica do sétimo centro psicoenergético, sahashara) (Pandit M. D., 2007).

Microcosmo significa “pequeno arranjo ou pequeno universo”, e refere-se ao ser humano que é a imagem de seu criador. O microcosmo contém tudo que o macrocosmo possui, é parte inseparável dele; por isso, o microcosmo contém em si o evoluído e o não evoluído, o implícito e o explícito, o ativo e o latente, energia, força, matéria, substância, qualidades e tudo mais. A origem dos dois é a mesma e seu futuro também (Ravindra, 2000).

O objetivo do Kundalini Yoga é despertar a energia da kundalini através de técnicas meditativas e práticas específicas do Yoga. Assim, a energia ascende através de uma passagem estreita na medula espinhal (o sushumna nadi) [Sushumna nadi é o canal central através do qual a força vital flui do chakra na base da coluna até o topo da cabeça. É o caminho secreto pelo qual se transcende a dinâmica da polaridade entre as correntes psicoenergéticas direita e esquerda, conquistando a realização do Si Mesmo (Feuerstein, 1997). ] e passa pelos seis centros de energia (os chakras), antes de atingir sua residência final, o sétimo centro, sahashara. Aí se dará a união da energia feminina (a energia da kundalini, ou seja, a manifestação da energia primordial do universo) com a masculina (a energia da consciência), e nesse contexto, haverá a transformação da personalidade em um sentido evolucionário de supraconsciência. “Aqui ambos os hemisférios cerebrais tornam-se calmos, cessa o diálogo interior, perde-se o sentido de tempo e espaço, e as falsas noções do mundo fenomenológico se fundem ao todo” (Johari,1990, p.106).
 
Para Pandit M. D. (2007, p.201):
O despertar da kundalini não se refere a uma simples modificação glandular ou a um desvio na atividade hormonal do organismo. Envolve, nitidamente, a operação de um novo poder no corpo, e a ativação de uma área silente no cérebro, chamada a cavidade de Brahma (Deus). É o alvo da prática do yoga e o verdadeiro objetivo das disciplinas espirituais.
Segundo Avalon* (1964, nota da contra-capa):

A kundalini, a serpente de poder, é mitologicamente falando, um aspecto de Shakti**, esposa de Shiva***; filosoficamente é a energia criativa que forma a mente e a matéria, o poder fundamental que dá vida a todo o organismo. Ela é a energia cósmica divina que repousa na área mais baixa ou densa da matéria; no corpo estaria localizada na base da coluna vertebral, em muladhara, o chakra da base. Ela é o poder da matéria para se saber a si mesma. Ela é a Deusa, o coração de muitas religiões Orientais, não somente do hinduismo.
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* Sir John Woodroofe, pseudônimo de Arthur Avalon, foi Procurador Geral em Bengali e diretor da Suprema Corte de Justiça em Calcutá, e também lecionou advocacia na Universidade de Calcutá. Quando voltou para a Inglaterra, se tornou orador das leis indianas na Universidade de Oxford.
Além de seus deveres judiciais, estudava o Sânscrito e a filosofia Hindu, especialmente o sistema Shãkti Tantra. Como o primeiro ocidental a ter um profundo conhecimento sobre o Tantra, teve um importante papel na popularização do assunto. Seu mais popular e influente livro, uma grande contribuição ao entendimento da filosofia e espiritualidade indiana, é o The Serpent Power_ The secrets of Tantric and Shaktic Yoga (1964), que é a fonte da maioria das práticas de Kundalini Yoga no Ocidente.

** Shakti é o princípio dinâmico e criativo da existência, feminino e personificado por Shakti, a divina consorte de Shiva. (Feuerstein,1997).
*** Shiva é um dos deuses da trindade da Índia medieval. É concebido como o destruidor do universo, mas, em uma perspectiva espiritual, seu poder destrutivo tem como objetivo o descondicionamento do ego para que ele se torne permeável à luz (Feuerstein, 1997).
Para proporcionar ao leitor uma percepção mais clara do que se acredita possível com o despertar da kundalini, cito a seguir um trecho do livro de Gopi Krishna (2004) [Gopi Krishna (1903-1984) nasceu próximo a Caxemira, Índia. Devotado ao Yoga e à meditação, escreveu 16 livros, apresentando para o Ocidente uma visão clara do fenômeno da kundalini (Krishna, G., 2004).], no qual ele relata os sintomas pelos quais passou durante esse processo, como alterações bruscas de humor, apatia, percepções “estranhas” de si e do mundo e etc. O livro é permeado de descrições suas e de outras pessoas que passaram por experiências similares: 


... Com o despertar da kundalini inicia-se uma espantosa atividade em todo o sistema nervoso, do alto da cabeça aos dedos dos pés. O corpo se torna um laboratório em miniatura, funcionando em alta velocidade, noite e dia. Nos documentos chineses, tal fenômeno é descrito como a “circulação da luz”, e nos manuais indianos, como a “subida de Shakti”, ou energia vital. Por todas as partes do corpo, nervos cuja existência jamais é percebida ordinariamente, são agora forçados por algum poder invisível, a um novo tipo de atividade, que pode ser percebida pelo indivíduo tanto de maneira imediata quanto gradual.
Através de todas as suas inumeráveis terminações, os nervos começam a extrair uma essência semelhante ao néctar dos tecidos vizinhos. Esta essência apresenta-se de duas formas distintas, uma como radiação, outra como essência sutil, que flui para a medula espinhal. Uma porção desta essência inunda os órgãos reprodutores, tornando-os anormalmente ativos, como se para manterem o mesmo ritmo de atividade de todo o sistema nervoso. A radiação, aparecendo como uma nuvem luminosa na cabeça, flui para o cérebro, e, ao mesmo tempo, corre através dos nervos, estimulando todos os órgãos vitais, em particular os da digestão, a fim de ajustá-los às funções da nova vida introduzida no organismo. Em outras palavras, o despertar da kundalini denota o fenômeno do renascimento, aludido em termos claros ou velados no saber religioso da humanidade [Esse fenômeno de transformação ou renascimento é mencionado por Cristo em linguagem metafórica quando de seu diálogo com Nicodemus: “Em verdade, vos digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não vos maravilheis em vos ter dito: necessário vos é nascer de novo” (Bíblia Sagrada: João 3.6. apud Krishna, G., 2004, p.52).]. Uma conexão mais poderosa e direta é então estabelecida entre o indivíduo e a consciência universal (Gopi Krishna, 2004, p.56)...
Ainda para Gopi Krishna (2004, p.126):
 Minha humilde contribuição pessoal à antiga tradição da kundalini - não uma hipótese especulativa, mas o resultado direto de minha experiência - é que esse reservatório adormecido de bioenergia não somente é responsável pela experiência mística, e os ainda desconcertantes fenômenos psi, como pelo atualmente não localizado e ainda questionado mecanismo evolucionário nos seres humanos, e também pela fonte originária do gênio e do talento extraordinário.

Gopi Krishna deixa bem clara sua crença de que o despertar da kundalini, possibilidade inerente a todo ser humano, contém indicações preciosas sobre as normas de vida e organização da sociedade, necessárias à satisfação do impulso evolucionário da espécie que caminharia na direção de uma supraconsciência. Trata-se de uma consciência cósmica, um estado perene de percepção, isento de altos e baixos, desprovido de complexos, tensões, ansiedades, neuroses e medos, com um firme controle da mente e do corpo, um estado de êxtase inexcedível e supra-humano. [ O filme Ram Dass: Fierce Grace (2002) do diretor Mickey Lemle proporciona uma bela imagem dessa chamada consciência cósmica. ]

Jung e o Oriente

Já em 1912, Jung fez interpretações sobre os Upanishads [Os Upanishads são consideradas a essência filosófica da mais antiga sabedoria dos Vedas; alguns autores acreditam que foram escritas mais de 1.180 Upanishads, com data de elaboração provável variando de 800 a 200 a. C. Não se admite que as Upanishads possam ser compreendidas da mesma forma que um texto de filosofia ocidental; ela é entendida por meio de uma transformação daquele que a escuta ou lê, uma vez que fala sobre aquilo que não pode ser descrito (Brahman, Atman) e transporta o leitor para vivenciar essa realidade (Tinoco, 2005).] e o Rig Veda [Rig-Veda ou o Conhecimento de Louvor é a mais antiga das coleções védicas. Não se sabe ao certo, mas pode datar de 3000 a.C. ou antes disso. Embora ainda não houvesse um caminho sistemático do Yoga, várias ideias e práticas importantes são prenunciadas nesse hinário, e seus ensinamentos podem ser chamados de “Yoga Arcaico” (Feuerstein, 1997).], textos ancestrais para o hinduísmo, em sua obra “Símbolos da Transformação” (Jung, v.V, 1986). A partir de 1920, passou a frequentar a Escola de Sabedoria [A Escola de Sabedoria foi fundada em Darmstadt, na Alemanha, em 1920. Era designada para facilitar e promover o entendimento individual sobre o sentido da vida numa abordagem holística e multicultural. O objetivo da Escola não era o acúmulo de conhecimento, mas a transformação do ser. Entendia a aquisição de sabedoria como uma percepção pessoal do seu papel no infinito e no mundo.], fundada por Hermann Keyserling [Hermann Keyserling foi o primeiro pensador ocidental que concebeu uma “cultura planetária”, além do nacionalismo e da cultura etnocentrista baseada no reconhecimento da igualdade de valores das culturas e filosofias não ocidentais.], onde conheceu e realizou colaborações com pensadores dos sistemas orientais, tais como Richard Wilhelm, Heinrich Zimmer, Walter Evans-Wentz, Wilhelm Hauer entre outros. Em 1929, publicou em conjunto com Richard Wilhelm “O Segredo da Flor de Ouro, um Livro de Vida Chinês” [O livro contém a tradução de um velho texto chinês ao qual Jung acrescentou comentários “europeus”.] anteriormente, no mesmo ano, ambos haviam publicado uma versão resumida do mesmo livro – “Dschang Scheng schu: a Arte de Prolongar a Vida Humana”.

Entre 1930 e 1932, Jung realizou seminários intitulados “Paralelos Ocidentais”, nos quais discorreu sobre os paralelos psicológicos entre o Ocidente e o Oriente, já abordando o Kundalini Yoga e as interpretações simbólicas dos chakras. Em 1932, o indologista Wilhelm Hauer, após uma fértil correspondência com Jung, apresentou seis seminários no Clube de Psicologia em Zurique, intitulados “Yoga, significado dos chakras”, sendo seguido por Jung, que apresentou quatro seminários intitulados “A Interpretação Psicológica do Kundalini Yoga”. Nestes seminários, que são usados como referência do presente trabalho, Jung procura estabelecer um encontro entre o sistema de chakras e a Psicologia Analítica, aprofundando a ideia do Kundalini Yoga como fonte de representação simbólica da experiência interna e do processo de individuação.

Jung manteve por toda a vida uma produção dedicada ao tema: comentou sobre o “Yoga Sutra” de Patãnjali [Patanjali foi uma grande autoridade em Yoga que viveu provavelmente no século II D.C.] ; o “Amitayur-Dhyans-Sutra” [Amitayur-Dhyans-Sutra é um texto do hinduísmo indiano] e o “Shrichakrasambhara” [Shrichakrasambhara é um texto tântrico que oferece métodos para a criação de imagens mentais mandálicas]

Em 10 de maio de 1930, em Munique, no discurso comemorativo de morte do seu amigo pessoal Richard Wilhelm, Jung (apud Shamdasani, 1996) pronunciou: , entre 1938 e 1939, em palestras ministradas na Eidegnossische Technische Hochschule (Instituto de Tecnologia Federal da Suíça). Também publicou dois artigos com suas impressões a respeito da viagem que fez à Índia - “O Mundo de Sonhos da Índia” e “O que a Índia Pode nos Ensinar” (Jung, v.X/3, 2000); artigos específicos em relação à religião indiana: “Yoga e o Ocidente” (Jung, v.XI/5, 1980) e “A Psicologia da Meditação Oriental” (Jung, v.XI/5, 1980) ), além de um prefácio para o trabalho de Heinrich Zimmer, “O Caminho para o Self “ (Jung, v.XI/5, 1980).

... Quando Roma subjugou politicamente o Oriente, o espírito do Oriente penetrou em Roma; assim, sem que os romanos percebessem, Mithras* se tornou seu deus da milícia. ... Atualmente a Europa subjuga politicamente o Oriente, será que o espírito do Oriente não estaria da mesma forma penetrando em nossa cultura? Sei que nosso inconsciente está abarrotado de simbolismos do Oriente, e acredito que haverá um grande impacto do pensamento oriental sobre a psicologia ocidental... 
* As primeiras referências ao deus Mithra foram encontradas na Ásia e datam do século 14 a.C. As referências mais antigas de uma adoração ao deus no Ocidente datam do século 5 d. C. Mithras seria considerado o “grande mestre de dez mil olhos, o mais poderoso entre os deuses, o mais forte dos mais fortes”. Conta-se que teria sido trazido a Roma, onde se tornou o grande deus das milícias, por piratas da Ásia Menor no século 1 a.C.

 Em 1938, foi convidado pelo governo britânico para participar das festividades do 25º jubileu da Universidade de Calcutá, quando viajou por três meses pela Índia. Em suas memórias (1963), conta que estava profundamente convencido do valor da sabedoria oriental. Jung teve a oportunidade de falar com representantes da mentalidade indiana, evitando propositadamente “homens santos”, por acreditar que “devia contentar-se com sua própria verdade, não aceitando nada que não pudesse atingir por si mesmo” (Jung, 1963, p.242).

Ele ficou muito impressionado com o fato de a espiritualidade indiana conter tanto o Bem quanto o Mal, uma vez que identificava na mentalidade cristã uma busca pelo Bem e uma aversão ao Mal. Assim, a espiritualidade indiana não lidaria com esta polarização, mas sim com o todo, estado que procura obter através da meditação, ou do Yoga. Portanto, a forma de se entender o mundo já é diferente desde o início: nós (ocidentais) enxergamos os polos e os orientais, o todo.

Em suas memórias Jung (1963) relatou que durante sua estadia na Índia, após ter sido internado por uma crise de disenteria, teve um sonho (citado abaixo) que o fez entender que deveria voltar às “preocupações negligenciadas” há muito tempo, e que interessavam ao Ocidente. A aparição do mito do Graal no sonho sugeriu-lhe que deveria se voltar para as coisas de sua própria cultura: “era como se o sonho me perguntasse: que fazes na Índia? É melhor que procure para teus semelhantes o cálice da salvação, o salvator mundi de que tens tanta necessidade. Não está a ponto de demolir tudo o que os séculos construíram?” (op. cit., p. 248). Com esta conclusão, conta que optou por apagar suas impressões hindus, intensas como eram, e mergulhar em seus textos alquimistas latinos.

Apresento abaixo o sonho em versão resumida (Jung, 1963, p.246):

 Era uma ilha desconhecida perto da costa sul da Inglaterra, estávamos (eu e um grupo de turistas) no pátio de um castelo medieval; na sua frente elevavam-se torres com escadas que desembocavam numa sala com colunas iluminada por velas, onde seria a Celebração do Graal. Tinha um professor alemão que impressionava pela sua erudição e inteligência, mas falava sem cessar de um passado morto e expunha sabiamente as relações entre as fontes inglesas e francesas da história do Graal. Ele parecia ignorar o ambiente imediato e real, comportava-se como se estivesse em uma sala de aula, não via a escada, nem as luzes, nem a festa que estava por vir.
A cena mudou e todos nós, com exceção do professor alemão, estávamos fora do castelo, íamos para o norte em busca do Graal; após uma extenuante caminhada, já era noite e só havia rochedos, e o grupo se deitava sonolento. Descobri que um braço de mar dividia a ilha em duas metades, em sua parte mais estreita a largura do braço de mar era de uns 100 metros, refleti que eu deveria atravessar o canal a nado em busca do Graal, e quando ia me despir, acordei.

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/9/94/Holygrail.jpg/220px-Holygrail.jpgAo ler esse sonho e a respectiva interpretação de Jung, ficou ainda mais clara sua dificuldade de se despir de seus valores e ideias e mergulhar nas águas em busca do Graal. O quanto, defendido, não pôde se reconhecer no professor alemão sábio e erudito que não era capaz de ver toda aquela realidade impressionante que se manifestava a sua frente? Como Jung, que acredita em uma estrutura psíquica arquetípica compartilhada pela humanidade, pôde entender que a busca do Graal é algo que só se relaciona com o Ocidente?

Enfim, esses questionamentos, que são re-abordados no decorrer deste trabalho, não têm o intuito de desmerecer o mestre, mas sim de relativizar suas considerações sobre o Kundalini Yoga, construídas sob a perspectiva de um ocidental que, aparentemente, não se deixou tocar pelas águas do Oriente. Mesmo assim, e apesar das críticas dos pensadores orientais (abaixo citadas), entendo que Jung pôde dar ao Ocidente, como sempre, uma grande contribuição em relação ao sistema de chakras, ainda que de forma racional; afinal, a razão é uma função da consciência que auxilia o ser humano, nesta grande obra da vida, que é dar luz à escuridão...

Ao ler sobre o Kundalini Yoga em textos de Yoga escritos por orientais, tive a oportunidade de conhecer suas opiniões sobre a visão de autores da Psicologia Ocidental frente a esse conhecimento. Quando nós (ocidentais) nos deparamos com o desconhecido, tendemos a racionalizar, categorizar, julgar..., ações que talvez não favoreçam o entendimento real da sabedoria oriental, cujo grande valor está exatamente na não racionalização, na não categorização, no não julgamento, e sim na experimentação, na aceitação, no todo...

Destaco a seguir algumas críticas de autores orientais:
Gopi Krishna (2004, p. 139):
Uma vez que a experiência mística e os conceitos da religião não se ajustavam à sua hipótese, Freud empreendeu tranquilamente a tarefa de demolir todo o edifício da religião e do sobrenatural. Em sua opinião, as duas coisas nada mais eram senão estados patológicos da mente, uma regressão ao narcisismo infantil...
Gopi Krishna (2004, p. 57):

...Uma antiga obra chinesa, O segredo da Flor de Ouro, contém indicações indiscutíveis sobre o processo do despertar da kundalini, e ninguém com algum conhecimento sobre o tema deixaria de percebê-las. Não obstante, C.G. Jung, em seu comentário sobre o livro, inteiramente preocupado com suas próprias teorias a respeito do inconsciente, encontra na obra apenas material para confirmação de suas ideias, nada além disso. O mesmo aconteceu em um seminário feito por ele sobre o tema kundalini. Nenhum dos homens cultos presentes, segundo fica evidente pelos conceitos que expressaram, exibiu o menor conhecimento sobre o real significado do antigo documento que discutiam no momento.

Shankar (2008, p. 50):

Normalmente nós nos limitamos. Dizemos: - eu sou do Oriente, eu sou do Ocidente. - Quando nos identificamos com algo limitado, a habilidade para amar também se torna limitada. O saber também se torna limitado.
Jung e o Kundalini Yoga

Jung conta que teve seu interesse despertado pelo Kundalini Yoga após o atendimento de uma paciente que crescera no Oriente, cujos sonhos e fantasias só foram adequadamente entendidos por ele após seu contato com o livro de Avalon (1964), “A Serpente do Poder”.

Jung insistia na tentativa de demonstrar de formas diferentes e em culturas diferentes a dualidade da psicologia humana - de um lado, o aspecto pessoal, no qual somente as questões pessoais teriam significado; de outro, uma psicologia na qual o aspecto pessoal seria desinteressante e ilusório, valorizando-se a experiência humana impessoal, ou arquetípica, ou seja, aquela que está presente nas raízes compartilhadas que formam a espécie.

Segundo Jung (apud Shamdasani, 1996, p.26):

Você deve à existência destes dois aspectos (o pessoal e o impessoal) o fato de ter conflitos fundamentais, de ter a possibilidade de um outro ponto de vista, de modo que você possa criticar e julgar, reconhecer e entender a si mesmo. Pois quando você é só um com uma coisa, você é completamente idêntico, você não pode compará-la, você não pode discriminar, você não pode reconhecê-la... ...seria impossível julgar este mundo (pessoal) se você não tivesse também um ponto de vista de fora (impessoal), e isso é dado pelo simbolismo das experiências religiosas.

O despertar da kundalini pode então ser percebido como esta experiência religiosa ou mística que, de um ponto de vista simbólico, alude ao processo do despertar da parte impessoal que se passava na paciente acima citada, e que se passa, potencialmente, em todos nós. Portanto, para Jung, a descrição do despertar da kundalini através do sistema de chakras é uma rica fonte de representações simbólicas da experiência interna e do processo de individuação, assim definindo-o em termos psicológicos:

O Kundalini Yoga foi originalmente um processo de introversão, esta introversão proporcionou a percepção e a caracterização de processos internos de transformação. Após muitos milhares de anos, esta percepção se tornou uma metodologia organizada que atua através de vários caminhos diferentes. O conceito de kundalini tem para nós somente um uso; descrever nossas próprias experiências com o inconsciente, as experiências que têm a ver com a iniciação dos processos supra-pessoais (apud Shamdasani, 1996, p.xxix).
 É importante ressaltar que Jung sempre fez questão de reafirmar seu posicionamento no tocante a manter-se na interpretação psicológica da filosofia yogue, não acreditando que as técnicas yogues surtissem efeito prático em um ocidental. Argumentava que tais técnicas não teriam correlação com nossa (dos ocidentais) psique profunda; assim, estaríamos apenas imitando um comportamento, sem sermos de fato tocados por ele. Jung acreditava que a prática do Yoga poderia fazer mal a um ocidental, podendo, inclusive, causar estados de loucura. Assim, “os Ocidentais criariam, ao longo dos séculos, sua forma própria de Yoga baseada nos princípios do cristianismo” (Jung apud Shamdasani, 1996, p.xxx).

Outros autores ocidentais que se interessavam pela cultura oriental também não acreditavam que os exercícios de Yoga, que estavam sendo popularizados por Vivekananda [Swami Vivekananda foi um monge, yogue e filósofo hindu. Propagador da filosofia Vedanta, assim como dos quatro principais ramos do Yoga, Karma Yoga, Bhakti Yoga, Jnana Yoga e Raja Yoga, além de inovador no esforço de examinar os pontos de convergência do pensamento ocidental e oriental acerca de temas ligados à ética e espiritualidade. Participou de um congresso de Religiões Mundiais em Chicago em 1893, onde conquistou notoriedade.] na América, estivessem proporcionando um bem. Keyserling (apud Shamdasani, 1996, p. xxxi), por exemplo, afirmou: “... nenhum americano tinha, por conta dos exercícios de respiração, atingido um estágio de iluminação, mas, ao contrário, muitos teriam ficado loucos...”. Na mesma publicação, Keyserling acrescenta:

Os conceitos indianos são “aliens” para nós Ocidentais. A maioria das pessoas é incapaz de se relacionar profundamente com eles. Além disso, psicologicamente nós somos cristãos, tendo ou não consciência do fato, assim qualquer doutrina que estiver embasada pelo cristianismo terá uma chance maior de nos tocar internamente do que uma doutrina, por mais profunda que seja, mas estrangeira (op. cit, p.xxxi).
A Interpretação Psicológica do Kundalini Yoga - C. G. Jung (Part 3) 


 

4 comentários:

  1. é muita coisa boa nesse seu blog. Tá de parabéns!

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  2. Continue assim. Estamos gostando muito =)

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  3. parabens! teu interesse e vontade parecem realmente sóbrios e constantes!
    esta introducão está tao boa que vou imprimir e continuar lendo!

    abraço!

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  4. É fascinante ler tudo isto!
    Parabéns a todos que escrevem tão profundos assuntos, É muito empenho e muita sabedoria nesta tarefa de escrever o que era antes provilégio de poucos! que os vés de Isis sejam rasgados!

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