83 – Disse Jesus: As imagens se manifestam ao homem, e a luz que está oculta nelas – na imagem da luz do Pai – ela se revelará e sua imagem será oculta pela luz.
Este jogo entre a fonte da luz e seu reflexo na imagem vai por todos os livros sacros do oriente e do ocidente. Assim como a luz do sol se manifesta num espelho ou numa gota de orvalho, assim se manifesta o Creador em todas as creaturas.
A filosofia oriental diz que Maya (a natureza) revela Brahman, e também o vela, do mesmo modo que a teia revela a aranha e também a vela ou encobre. De fato, toda a natureza manifesta Deus, como o efeito manifesta a causa, mas a natureza também encobre Deus, porque um efeito finito nunca pode manifestar adequadamente uma causa Infinita. Certos teólogos tentam provar a existência de Deus pelas obras da natureza, recorrendo à comparação entre o artefato e o artífice, entre o relógio e o relojoeiro. Este argumento é fundamentalmente falso e ilusório. O artefato ou relógio finito revela somente uma causa finita, como o artífice ou o relojoeiro. Deus, porém, não é uma causa finita. A não ser que se considere Deus como pessoa. A natureza toda, a creação em toda a sua grandeza e amplitude não pode jamais provar a existência de uma causa Infinita. Um Deus-pessoa é necessariamente um Deus finito, um Deus finito é um pseudo-Deus, e não um Deus real. Do mundo dos fatos, escreve Einstein, não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores; porque estes vêm de outra região.
Do mundo das facticidades finitas não conduz nenhum caminho para o mundo da Realidade Infinita. A natureza é apenas um predisponente preliminar para algo que não vem da natureza. As circunstâncias externas podem predispor o homem e crear ambiente propício para que ele encontre Deus em sua substância interna. Somente pela intuição espiritual da sua própria substância pode o homem ver Deus, e não pela análise intelectual das circunstâncias externa.
“Quando o discípulo está pronto, então o Mestre aparece” – quando o homem removeu de dentro de si todos os obstáculos, então Deus se revela ao homem. Não é o homem que descobre Deus, é Deus que descobre o homem, quando o homem se torna receptivo para essa revelação.
A luz do Pai se revela na imagem, quando a imagem está pronta para refletir essa luz.
Embora não se possa provar um Deus Infinito pela natureza finita, contudo o místico intuitivo tem plena certeza de Deus, não por tê-lo provado, mas porque Deus se revelou a ele. Quem não tem revelação de Deus não tem certeza de Deus. Da crença há um regresso para a descrença. Mas da experiência de Deus não há regresso para a inexperiência. O homem intuitivo a quem Deus se revelou tem de Deus certeza absoluta e irrevogável. A luz de Deus transcende todas as imagens de Deus.
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