24 de fev. de 2013

Os Necessitados


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65 - Disse ele: Um homem tinha uma vinha. Arrendou-a a uns colonos para a cultivarem, a fim de receber deles o fruto. Enviou seu servo para receber o fruto da vinha. Os colonos prenderam o servo e o espancaram a ponto de quase o matar.
O servo foi da parte a seu senhor. Esse disse: Talvez eles não o tenham conhecido, e enviou-lhes outro servo. Mas eles espancaram também este. Então o senhor mandou seu filho, dizendo: Talvez tenham respeito a meu filho.
Mas, como os colonos soubessem que esse era o herdeiro da vinha, prenderam-no e o mataram. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!

 Em face do perverso procedimento desses colonos, parece impossível admitir a existência do livre arbítrio em todo o ser humano; parece que há homens necessariamente maus.

Cientistas modernos afirmam, e tentam provar com experiências de laboratório, que a liberdade é um mito, uma ilusão.

Entretanto, todo ser humano normal é potencialmente livre – mas poucos são atualmente livres. A liberdade potencial é um presente de berço, faz parte da natureza humana – mas a liberdade atual é uma conquista da consciência, que nem todos fizeram. Quem não conquistou a liberdade pela consciência é apenas potencialmente livre, mas é atualmente escravizado pelas circunstâncias.

Disto não se segue todavia que esse homem não seja responsável por seus atos; ele é culpado por seus atos maus porque não se libertou da escravidão em que vive, quando devia libertar-se. Ele é culpado na causa. Quem pode deve, e quem pode e deve e não faz crea débito, culpa.

Quando um cientista submete centenas ou milhares de pessoas a um teste psicológico, e depois conclui que não há liberdade, porque os testes realizados não a revelaram, comete ele uma monstruosa falta de lógica: de muitos conclui ele para todos. É bem possível que todas essas cobaias não tenham conquistado jamais a sua liberdade atual – mas, apesar disto, são potencialmente livres. E sua grande culpa consiste precisamente no fato de não terem atualizado a sua liberdade potencial. Se um Buda, um Cristo, um Gandhi tivessem passado pelo laboratório desses cientistas, bem diferente teria sido o resultado.

Os exemplos acima provam que poucos homens conquistaram a liberdade.

O que Jesus visa com estas palavras é o procedimento de Israel através de séculos: alguns dos profetas que Deus lhe enviou foram perseguidos, e o próprio Jesus previa a sua morte violenta às mãos dos sacerdotes da Sinagoga. Os profetas eram os locutores de Deus, ao passo que os sacerdotes eram apenas organizadores humanos. O último dos profetas, Malaquias, morreu quatro séculos antes do aparecimento de Jesus, e desde então foi Israel entregue exclusivamente aos sacerdotes, que haviam “tirado a chave do conhecimento do Reino de Deus” e eram “guias cegos guiando outros cegos”.

Por isto, não foi Jesus reconhecido pela Sinagoga como o Messias anunciado pelos profetas.

Israel, decadente, esperava um Messias político-militar que o libertasse do poder dos invasores romanos. E, como Jesus não se interessava pela libertação política, os sacerdotes o rejeitaram como falso Messias – e até hoje aguardam o seu libertador.

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