23 de fev. de 2013

Individualismo


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64 - Disse Jesus: Um homem fez um banquete e, depois de tudo preparado, enviou seu servo para chamar os convidados. Este foi ter com o primeiro e lhe disse: Meu senhor te convida para o banquete. O homem respondeu: Uns negociantes me devem dinheiro; eles vêm à minha casa esta noite, e eu tenho de falar com eles; peço-te que me dispenses de comparecer ao jantar.
O servo foi ter com outro e lhe disse: Meu senhor te convidou.
Este respondeu: Comprei uma casa, e marcaram um dia para mim; não tenho tempo para vir.
Foi ter com outro, dizendo: Meu senhor te convida. Este respondeu: Um amigo meu vai casar-se, e eu fui convidado para preparar a refeição; não posso atender; favor dispensar-me.
Foi ter com outro e disse: Meu senhor te convida. Este respondeu: Comprei uma vila e vou cobrar a renda; não posso comparecer; queira excusar-me.
O servo voltou e comunicou a seu senhor: Os convidados ao banquete pedem que os dispenses de comparecerem.
Disse o senhor a seu servo: Vai pelos caminhos e traze os que encontrares, para que venham ao meu banquete; mas os compradores e negociantes não entrarão nos lugares de meu Pai.

Como em outro Evangelho, Jesus faz ver que as ocupações mundanas são o grande obstáculo que impede os homens de atenderem ao convite para a realização do Reino de Deus dentro deles. Alo-realizações dificilmente são compatíveis com auto-realização. Não é possível convencer o ego para não ser egoísta; o ego não vê nada senão objetos externos; falar-lhe no sujeito interno é o mesmo que falar de luz a um cego, ou de música a um surdo.

Que fazer então?

Não é possível interessar o ego por algo que não seja do ego. A única coisa que um mestre espiritual pode e deve fazer é mostrar-lhe um tesouro maior do que ele mesmo. Se o mestre for capaz de fazer isto, tudo está resolvido – assim como é fácil levar alguém que tem 10 cruzeiros acenando-lhe com uma nota de 100 cruzeiros em troca dos 10. Mas, como mostrar ao ego um tesouro além do ego? Será ele capaz de enxergar esse tesouro para ele invisível? Pois o ego é praticamente um cego.

Aqui está a grande dificuldade. Boas palavras e bons conselhos nem sempre resolvem o problema.

A única esperança é o invisível impacto que o mestre exerce sobre o discípulo. Ninguém sabe dizer o que é esse impacto do Mestre. Uns pensam que é seu bom exemplo; outros dizem que são suas auras, seus fluidos espirituais, etc.

Não sabemos o que realmente move o homem-ego para ultrapassar a sua egoidade e deixar-se invadir pelo espírito de Deus. Por que Judas não se converteu na presença do melhor dos Mestres, dentro das mais poderosas auras do Cristo? E por que Saulo de Tarso se converteu no pior dos ambientes?

Em última análise, o homem é tão livre para ser mau no meio dos bons como é livre de ser bom no meio dos maus. O livre arbítrio é o maior dos mistérios do fenômeno humano. É uma fortaleza inexpugnável; suas portas só abrem para dentro, e não para fora.

Em face dessa inexpugnabilidade do livre arbítrio alheio, deve o Mestre e educador contentar-se com a semeadura da verdade e do bem, e não contar com colheita alguma da parte de seu discípulo ou educando. A lei da constância das energias, que a física conhece, vale também para a metafísica:

nenhuma energia se perde, todas se transformam. Se o Mestre ou educador não vê nenhum resultado dos seus esforços, não considere perdidos esses esforços. Essas energias espirituais por ele creadas produzirão efeitos em outros homens, talvez em outros mundos em outros séculos. Semear sem esperança de colheita exige a mais completa libertação de toda e qualquer espécie de egoísmo.






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