20 - Os discípulos disseram a Jesus: diz-nos com que se parece o Reino dos Céus. Ele lhes disse: é como a semente da mostarda, a menor de todas as sementes. Mas quando ela cai na terra arada, produz grandes galhos e se torna um abrigo para os pássaros do céu.
A parábola do grão de mostarda se encontra em todos os três Evangelhos sinópticos, Mateus, Marcos e Lucas. O detalhe que Tomé acrescenta é o fato de ser a terra em que cai a semente trabalhada pelo homem. Sendo que o grão de mostarda é a palavra de Deus, e o terreno é a alma humana, a germinação e o desenvolvimento da planta dependem da idoneidade da terra em que cai. E a maior ou menor idoneidade depende do livre arbítrio do homem. O livre arbítrio é Deus no homem, o Creador na creatura creadora. O livre arbítrio é o Deus imanente no homem, é a zona onde Deus, por assim dizer, abdicou da sua jurisdição a favor do homem.
A pequenez da semente e a grandeza da planta ilustram bem o fato de ser a vida algo infinitamente pequeno, ou melhor, nulo, quantitativamente considerado, embora seja infinitamente grande, qualitativamente conscientizada. A Vida é o próprio Creador, os vivos podem tornar-se grandes em extensão quantitativa, porque são efeitos da Vida de infinita intensidade qualitativa.
O qualitativo é pequeno aos olhos dos profanos, que só têm olhos para enxergar o quantitativamente grande. Mas, quando o homem cruza a invisível fronteira entre a visão material e a visão espiritual, descobre ele a grandeza na pequenez, o Tudo no Nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário