101 - Quem não abandona seu pai e sua mãe, como eu, não pode ser meu discípulo. E quem não amar a seu Pai e a sua Mãe, como eu, esse não pode ser meu discípulo; porque minha mãe me gerou, mas minha Mãe verdadeira me deu a vida.
Continua nestas palavras o mesmo paralelo iniciado em textos anteriores. O verdadeiro discípulo de Cristo deve ter mais amor ao seu Eu divino do que a qualquer ego humano. O nosso ego nos foi dado por nossos pais, ao passo que o nosso Eu é uma emanação da Divindade.
No ocidente costumamos chamar a Deus “Pai”, ao passo que os orientais o consideram “Mãe”. Tomé, que, segundo a tradição, viveu na índia, usa a linguagem oriental, vendo em Deus também sua Mãe. De fato, tratando-se da Divindade Universal, não é absurdo falar em Deus-Pai e Deus-Mãe, uma vez que no Universo tudo é bipolar, masculino-feminino. A Divindade é nosso princípio vital gerador, que em si sintetiza tanto o doador paterno como o receptor materno. A igreja cristã ortodoxa considera o espírito santo como Hágia Sophia (Santa Sabedoria), como um princípio vital feminino.
Falando com acribia filosófica, a Divindade não é síntese, mas é a grande Tese, anterior a qualquer antítese e síntese; o Uno Absoluto da Tese Imanifesta, que se manifesta sem cessar no Verso Relativo de antíteses e sínteses, que, no mundo orgânico, são os pais gerando o filho. A Filosofia Univésica apresenta o Universo como a eterna Tese do Uno que se revela nas antíteses e sínteses temporárias do Verso, realizando o Universo.
Quem nunca teve experiência mística da sua alma, e só conhece o seu corpo, dificilmente compreenderá essa insistência de Jesus no supremo amor das almas, que nasceram de Deus e são filhas da Divindade.
Shekinah |
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